EQUIPA DA ADF
A Pfizer/BioNTech pode ser a próxima produtora de vacinas contra a COVID-19 a montar a sua fábrica em África, fornecendo ao continente uma fonte local de vacinas.
O PCA da BioNTech, Ugur Sahin, anunciou a visão da empresa de montar fábricas em África durante uma conferência de imprensa, no fim de Abril. Sahin disse que a vacina da Pfizer é 91% eficaz contra a variante B.1.351 que está a propagar-se pela África Austral.
As primeiras doses da Pfizer, produzidas em África, podem não aparecer até ao final de 2022, desse Sahin.
A Johnson & Johnson celebrou um contrato com a empresa sul-africana, Aspen Pharmacare Holdings Lda, para processar mais de 300 milhões de doses da sua vacina de dose única para distribuição pelo continente. A Aspen irá “encher e concluir” os frascos da vacina com ingredientes importados, em vez de criar a vacina a partir do zero.
Em Março, o Instituto Biovac, da África do Sul, anunciou planos para construir uma instalação avaliada em 241 milhões de dólares para produzir ingredientes farmacêuticos que irão ajudar a criar uma vacina contra a COVID-19 a partir do zero, como uma parceira da produtora de vacinas contra a COVID-19, ImmunityBio Inc. A ImmunityBio esteve a realizar ensaios da fase 1, na África do Sul. A instalação localizada na Cidade do Cabo pode produzir vacinas para exportação, de acordo com o PCA da Biovac, Morena Makhoana.
“Na realidade, o acordo tem a ver com a construção de capacidade, que, na essência, estaria disponível num período de cerca de dois a três anos,” disse Makhoana à Newsroom Africa, em Março.
Durante a maior parte do século XX, a África do Sul produziu muitas vacinas, do início ao fim, incluindo as vacinas da pólio, da febre-amarela e da difteria. Desde 2001, a África do Sul teve falta de tecnologia para produzir vacinas avançadas, de acordo com Barry Schoub, Presidente do Comité Consultivo Ministerial em matérias de vacinas contra a COVID-19, naquele país.
Os produtores africanos de fármacos também precisam de parceiros que estejam dispostos a partilhar a sua propriedade intelectual relacionada com as vacinas, de acordo com Makhoana.
Os países africanos importam 99% de todas as suas vacinas.
No caso da COVID-19, muitas destas vacinas são provenientes do Instituto Serum da Índia. Em Abril, a Índia interrompeu todas as exportações de vacinas, para se concentrar no enorme surto de COVID-19 que devastava o país. A interrupção custou aos países africanos aproximadamente 150 milhões de doses e colocou a estratégia de vacinação da União Africana em desarticulação.
“A maior lição que o nacionalismo da vacina nos ensinou é de que é extremamente urgente para a África desenvolver, fabricar e distribuir a sua própria biotecnologia,” Ministro da Saúde da África do Sul, Zweli Mkize, disse num discurso, no início de Abril.
A crise da vacina contra a COVID-19 inspirou os líderes africanos a analisarem com maior seriedade o que será necessário para sair de 99% de vacinas importadas para 60% de vacinas produzidas localmente nas próximas décadas.
Nos dias 12 e 13 de Abril, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) e a União Africana receberam 40.000 pesquisadores, líderes de negócios, Chefes de Estado e grupos comunitários para uma cimeira virtual para abordar o potencial do continente para o desenvolvimento da sua própria infra-estrutura de produção de vacinas.
Cinco países africanos – Egipto, Marrocos, Senegal, África do Sul e Tunísia – albergam 10 produtores de vacina, mas a maior parte destas empresas enche, rotula e empacota os medicamentos, em vez de produzi-los a partir de matérias-primas. Cerca de 80 empresas africanas podem produzir fármacos, de acordo com William Kwabena Ampofo, Presidente da Iniciativa Africana de Produção de Vacinas.
Ruanda, Senegal e África do Sul foram identificados como três dos países africanos onde o continente pode estabelecer a base para o fabrico das vacinas com o ARN mensageiro, no centro da resposta à COVID-19 da Pfizer.
O resultado da cimeira foram as Parcerias para a Fabricação de Vacinas na África, um apelo para o aumento da pesquisa, produção e legislação da vacina em toda a África.
“A actual pandemia da COVID-19 apresenta uma oportunidade única, fornecendo uma plataforma e um momento significativo para a produção de vacinas africanas e que este nível de interesse e compromisso pode não durar muito tempo,” reza a declaração final. “Sendo assim, deve-se agir de forma imediata.”
Ao mesmo tempo, os delegados da cimeira reconheceram as barreiras para o sucesso da sua jornada, incluindo a falta de trabalhadores com habilidades, utilitários não confiáveis e constrangimentos relacionados com reguladores nacionais.
O Director do Africa CDC, Dr. John Nkengasong, disse durante a conferência que as estratégias de fabrico representam um grande desafio para o continente.
“Mas também estamos completamente cientes de que a jornada de 1.000 milhas começa com um único passo,” acrescentou.