EQUIPA DA ADF
Os pesquisadores sul-africanos identificaram aquilo que descreveram como a variante da COVID-19 com mais mutações desde que a pandemia começou. A variante, identificada como C.1.2, ainda não recebeu uma designação da letra do alfabeto grego por parte da Organização Mundial de Saúde.
A nova variante surgiu na sombra da altamente transmissível variante Delta, que se tornou a estirpe dominante em toda a África e em outros lugares nos últimos meses.
A variante C.1.2 partilha muitas das mesmas mutações que fizeram com que a variante Delta e outras entrassem no continente. Embora a C.1.2 esteja a propagar-se, ela está a fazê-lo lentamente, em relação à Delta ou outras variantes que a antecederam, e representa menos de 3% do total de infecções na África do Sul, de acordo com a Dra. Cathrine Scheepers, cientista médica sénior do Instituto Nacional de Doenças Contagiosas da África do Sul.
“Neste momento, estamos a realizar uma série de testes laboratoriais para determinar as propriedades deste vírus e esperamos ter os resultados muito em breve,” disse Scheepers à ADF. “Entretanto, continuamos a fazer a monitoria da propagação do vírus com muita atenção.”
Com base no número de mutações encontradas no C.1.2, Scheepers afirmou que é muito provável que a variante tenha surgido a partir de um único indivíduo, possivelmente com um sistema imunológico fraco, cujo corpo levou muito tempo para combater o vírus. A luta prolongada permitiu que o vírus passasse por uma série de mutações enquanto sobrevivia aos esforços do corpo para tentar destruí-lo. As variantes Beta e Delta possuem um padrão semelhante, disse.
“Quanto mais tempo leva o vírus no corpo de alguém, maiores são as possibilidades de ele acumular muitas mutações,” disse Scheepers. “Uma vez que esta linhagem apresenta um alto nível de mutações, colocamos a hipótese de que seja resultado de uma infecção prolongada.”
Desde o começo da pandemia da COVID-19, no início de 2020, os especialistas em matérias de saúde pública alertaram as pessoas para que observassem as medidas como o uso da máscara, a lavagem das mãos e o distanciamento social para prevenir a propagação do vírus. Quanto menos infecções, menores são as oportunidades que o vírus tem de desenvolver uma mutação que facilite a propagação.
“Como virologista, eu já esperava que esta variante houvesse de emergir,” Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, disse, recentemente, durante uma conferência de imprensa.
Nkengasong disse que a variante C.1.2 levanta três questões: Será que os testes são capazes de detectar a variante? Será que as vacinas existentes protegem contra a variante? Será que a nova variante é mais fatal do que as outras?
“Estas são as três coisas com que as pessoas devem se preocupar,” disse Nkengasong.
No que diz respeito à C.1.2, as respostas àquelas perguntas são, respectivamente, “sim,” “sim,” e “não sabemos,” acrescentou.
Por agora, Scheepers e outros pesquisadores continuam a estudar a variante e o seu impacto sobre a população.
Será que a C.1.2 se tornará na próxima estirpe dominante? Não se sabe neste momento.
“Existem muitos factores que contribuem para que uma variante se torne dominante ou não,” disse Scheepers.
Alguns destes factores incluem o quanto uma estirpe é transmissível e o grau em que os eventos de super-propagação impulsionam o seu crescimento na população.
Entretanto, a boa-nova, de acordo com Nkengasong, é que os africanos já têm as ferramentas necessárias para derrotar a C.1.2.
“As mesmas medidas de saúde pública para a prevenção que conhecemos e que nos ajudaram a passar pela primeira, segunda e terceira vagas são as mesmas que se aplicam para qualquer mutação ou quaisquer variantes que emergirem,” disse.