EQUIPA DA ADF
Um dos proeminentes laboratórios de pesquisa de África afirma ter descoberto uma nova estirpe do vírus que causa a COVID-19 no Uganda.
O professor Pontiano Kaleebu, director-executivo do Instituto de Pesquisa do Vírus do Uganda, anunciou a descoberta em meados de Fevereiro. A nova estirpe, designada A.23.1, também apareceu no Ruanda, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Actualmente, é a forma dominante de COVID-19 na capital do Uganda, Kampala. A capital representa 80% das 40.200 infecções do país.
A variante do Uganda é muito diferente daquela que tem causado a maior parte das novas infecções na África do Sul recentemente. Aquela variante circula na África Austral e Oriental. Uma variante diferente, que originou no Reino Unido, circula na África Ocidental, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.
Outras variantes surgiram recentemente na Nigéria e no Quénia.
Assim como todas as variantes, a estirpe do Uganda possui mutações. Nalguns casos, estas mutações assemelham-se às mudanças da variante que surgiu no Reino Unido, que era 30% a 50% mais contagiosa do que o vírus original.
“Não se sabe se esta é mais transmissível ou não,” disse Kaleebu, “mas iremos dar seguimento a este assunto através da realização de verificações laboratoriais e trabalharemos com os nossos hospitais.”
Kaleebu disse que o Uganda registou várias versões do coronavírus de várias fontes no mundo inteiro. A fonte da variante A.23.1 não é clara, mas camionistas provenientes de portos foram uma fonte comum de transmissão do vírus naquele país que não possui saída para o mar, de acordo com uma pesquisa preliminar publicada na revista online medRxvi.
“A monitoria contínua de todos os camionistas que entram e saem do Uganda é, por conseguinte, muito importante e ajudar-nos-ia a compreender melhor as importações e exportações por via terrestre pelo país adentro e a circulação de estirpes nesta parte do mundo,” afirmou a equipa de pesquisas liderada por Daniel Lule Bugembe, do Instituto de Pesquisa do Vírus do Uganda.
De acordo com a análise, o Uganda começou a pandemia com uma variedade de versões dos coronavírus que circulavam por causa das ligações aéreas do país com a Europa, Ásia e o Médio Oriente assim como pela sua localização num nexo de duas auto-estradas transafricanas. Depois das viagens aéreas terem sido interrompidas no início de 2020, as variantes começaram a restringir-se antes de alcançarem o ponto em que a A.23.1 passou a ser a estirpe predominante no país.
As mutações ocorrem quando o vírus se replica no seio da população. Quanto mais um vírus se propaga, mais são as oportunidades que este tem de sofrer mutações. Por essa razão, os especialistas de saúde pública continuam a enfatizar a necessidade de quebrar a cadeia de transmissão, através do uso de máscaras, lavagem das mãos e distanciamento social.
A maior parte das mutações não chega a lugar nenhum, mas certas mudanças nos lugares certos podem ajudar um vírus a evitar ser atacado pelo sistema imunológico do corpo.
As vacinas ensinam o corpo a reconhecer um vírus e a preparar o seu sistema imunológico para combatê-lo. As recentes variantes da COVID-19 efectuaram alterações na proteína spike que o vírus usa para penetrar nas células de modo a reproduzir-se. Estas alterações reduziram a eficácia de algumas vacinas.
O Ministério da Saúde do Uganda solicitou 18 milhões de doses da vacina da AstraZeneca para a distribuição em todo o país. As vacinas chegarão em Março.