Os governos do País de Gales e da Escócia doaram equipamento de protecção individual (EPI) avaliado em milhares de dólares para vários países africanos em meio a previsões de uma quarta vaga de infecções pela COVID-19 no continente.
Em programas diferentes, os dois países do Reino Unido enviaram aproximadamente 25 milhões de dólares em equipamento de protecção, como máscaras, óculos e batas, para Malawi, Namíbia, Ruanda e Zâmbia.
O País de Gales enviou EPI avaliado em 9,5 milhões de dólares e ofereceu uma subvenção de mais de 680.000 dólares para equipamento de oxigénio e formação para enfermeiros da Namíbia, em Agosto. A doação inclui 1,1 milhões de máscaras faciais, 500.000 batas, 100.000 aventais de protecção e desinfectante avaliado em mais de 1,3 milhões de dólares.
A Namíbia teve uma carência grave de fornecimentos de oxigénio e uma falta de profissionais de saúde com experiência para operar o equipamento de oxigénio utilizado para tratar dos doentes com COVID-19 em estado grave. No início deste ano, o Reino Unido ofereceu uma subvenção de 170.000 dólares à Namíbia para promover campanhas de sensibilização sobre a COVID-19.
“Ouvi directamente da Namíbia sobre a situação extremamente difícil que eles enfrentam na batalha contra a COVID-19,” o Primeiro-Ministro do País de Gales, Mark Drakeford, disse num artigo da página da internet da estação de rádio do Reino Unido, Planet Radio. “Temos uma obrigação de ajudar os necessitados e fico feliz em saber que o País de Gales está a dar um passo em frente para lutar contra a ameaça global do coronavírus. O País de Gales estará de mãos dadas com a Namíbia, e faremos tudo que pudermos para ajudá-los a ultrapassar este tempo difícil.”
A terceira vaga de infecções pela COVID-19 da Namíbia registou um crescimento repentino, sobrecarregando os hospitais e as casas mortuárias, mas começou a decrescer em meados de Julho. O Presidente da Namíbia, Hage Geingob, e a Primeira-Dama, Monica Geingos, encontram-se entre aqueles que testaram positivo e se recuperaram.
Depois do diagnóstico de Geingob em Maio, as autoridades sanitárias apelaram a todos os namibianos a prestarem atenção aos protocolos de prevenção da COVID-19.
“O que temos observado nos passados meses é que os cidadãos estão a desobedecer de forma flagrante os regulamentos e a colocarem as famílias, as nossas comunidades e o nosso país em risco,” Ministro da Saúde da Namíbia, Dr. Kalumbi Shangula, disse numa reportagem do Africa Times.
Enquanto o sistema de saúde e as casas mortuárias namibianos colapsam sob a pressão da COVID-19, o seu turismo e a sua economia dependentes das minas foram devastados. Em resposta, Geingob designou uma Força-tarefa de Recuperação de Negócios, composta por 11 membros, para rever a legislação sobre os negócios e sobre a insolvência com vista a aliviar a crise financeira.
No dia 1 de Julho, a força-tarefa, que é composta por pessoas com habilidades e experiência em matérias de gestão corporativa, banca, assuntos jurídicos e empreendedorismo, deu início aos seus oito meses de trabalho previstos.
“A COVID-19 causou impactos socioeconómicos adversos e perdas incalculáveis para as empresas, que, na sua maioria, foram encontradas em contrapé,” disse Geingob numa reportagem da Reuters.
Quando as taxas de infecção baixaram, em meados de Setembro, Geingob relaxou algumas restrições governamentais, permitindo que até 100 pessoas participassem em aglomerados públicos e permitindo que os ginásios e os casinos operassem com metade da sua capacidade.
Semanas depois da doação do País de Gales à Namíbia, o governo escocês enviou uma colecção de EPI à África Oriental.
Em meados de Setembro, Kids Operating Room (KidsOR), uma instituição de caridade escocesa virada para a saúde global, doou EPI avaliado em mais de 15,2 milhões de dólares para Malawi, Ruanda e Zâmbia. A KidsOR angariou aproximadamente 1,4 milhões de dólares para ajudar a transportar os itens de vários doadores e o governo escocês contribuiu com aproximadamente 340.000 dólares para ajudar a pagar por 25 contentores.
“A COVID-19 não tem fronteiras,” disse a Ministra do Desenvolvimento Internacional da Escócia, Jenny Gilruth.“Estou feliz que o governo escocês tenha sido capaz de conceder este apoio ao Malawi, Ruanda e Zâmbia — especialmente num momento em que se preparam para uma provável quarta vaga da COVID-19 nos próximos meses. Esta contribuição junta-se ao nosso recente fornecimento de concentradores de oxigénio e ventiladores, e esperamos que faça alguma diferença para diminuir a actual pressão colocada sobre os serviços de saúde.”