EQUIPA DA ADF
Os residentes da região instável de Casamança estão esperançosos, depois de uma ofensiva militar ter expulsado os rebeldes para fora das fortalezas de florestas.
Em Janeiro, as Forças Armadas Senegalesas lançaram uma campanha na região sul para retirar os separatistas conhecidos como o Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC). Os ataques por via terrestre, com apoio aéreo, destruíram três bases dos rebeldes. Em Maio, as forças senegalesas começaram uma outra campanha cerca de 30 quilómetros a sul da capital regional, Ziguinchor.
Comandos senegaleses permitiram que os jornalistas vissem as bases abandonadas onde rebeldes que fugiam deixaram roquetes antitanque, minas terrestres e AK-47s. Os soldados também descobriram abrigos utilizados pelos rebeldes.
“Vários abusos foram perpetrados contra a população nesta região e os grupos armados estão simplesmente à procura de garantir a habilidade de explorar os recursos florestais,” Coronel Souleymane Kandé, comandante da quinta zona militar do Senegal, disse à Rádio França Internacional (RFI). O MFDC controlou o tráfico de madeira e de cannabis na região. Durante a ofensiva de Fevereiro, o exército descobriu vários hectares de campos de cânhamo que, segundo disse, “alimentava a economia dos criminosos.” O conflito continuou por aproximadamente 40 anos. Casamança é cultural e geograficamente distinta do resto de Senegal, porque está separada da maior parte do país pela Gâmbia. Durante a era colonial, era uma colónia portuguesa e alguns locais falam uma língua conhecida como Crioulo da Alta Guiné. Os residentes de Casamança há muito se queixam de serem deixados para trás em termos de investimentos económicos e serviços sociais, chegando a fazer com que alguns estejam a favor da independência. Contudo, décadas de luta e abusos contra civis enfraqueceram o apoio ao MFDC.
No início de 2018, o grupo de rebeldes foi acusado de ter executado 14 jovens na cidade de Borofaye. Por volta da mesma altura, na cidade de Diouloulou, homens armados interpelaram uma carrinha cheia de turistas europeus e violaram sexualmente três mulheres.
Muitos na região agora desejam a paz. “Desejamos muito que haja um fim para a rebelião,” Bailo Coly, que fugiu de casa devido a um conflito, disse à Agence France-Presse. “Causou-nos muito prejuízo, deixando a região 50 anos atrasada e causando discórdias sociais.”
No passado, o Senegal alegou que os rebeldes do MFDC recebiam apoio material de aliados de Guiné-Bissau e da Gâmbia. Contudo, os actuais chefes de Estado de ambos países expressaram apoio ao Senegal, deixando o MFDC com poucos aliados dentro e fora da região.
Os confrontos já fizeram com que dezenas de milhares de pessoas ficassem deslocadas ao longo dos anos e que desejam regressar. Entretanto, o exército senegalês alertou que as minas terrestres ainda representam uma ameaça em algumas zonas.
Um homem, Yaya Bodian, ficou muito emocionado depois de regressar para a sua aldeia de Bouniack depois de esta ter sido liberta pelo Exército Senegalês.
“É a aldeia onde eu dei os meus primeiros passos, onde frequentei a escola na década de 1990,” disse Bodian à RFI. “Caem-me lágrimas e fico com calafrios quando vejo mais uma vez a terra que eu e meus pais abandonamos, 30 anos atrás .”
« Plusieurs exactions ont été perpétrées contre les populations au niveau de cette zone et les bandes armées cherchent simplement à s’assurer l’exclusivité de l’exploitation des ressources forestières. »