EQUIPA DA ADF
Aproximadamente um ano após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter formalmente declarado a COVID-19 como uma pandemia global, a China concordou em permitir que uma equipa internacional de pesquisadores entre no país para procurar a origem da doença ― mas depois bloqueou de forma repentina a missão, mesmo quando alguns dos membros já estavam em trânsito.
O bloqueio de última hora é o último passo em aproximadamente um ano de negociações sensíveis e altamente políticas entre a OMS e a China sobre a determinação da origem da COVID-19.
A missão da OMS esteve a trabalhar desde pouco depois que as autoridades sanitárias mundiais declararam a pandemia no início de 2020. O objectivo é de encontrar a fonte da COVID-19 e a forma através da qual ela passou de animais para humanos. Nos termos de referência do estudo da OMS, o documento que estabelece o âmbito do trabalho da equipa, os pesquisadores afirmam que conhecem muito pouco sobre como o vírus pode ter começado em Wuhan no final de 2019.
Em conferência de imprensa de 6 de Janeiro de 2021, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, confirmou que membros da missão da OMS tinham sido impedidos de entrar no país. Ela afirmou que as negociações ainda se encontravam a decorrer no que diz respeito ao momento e aos procedimentos da visita — questões que já tinham sido resolvidas no ano passado.
O Director-Geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse, na reunião informativa semanal da OMS, no dia 5 de Janeiro, que estava desiludido com o desenrolar dos acontecimentos. Um dos especialistas da equipa voltou para casa, frisou. O outro estava à espera num outro país.
A equipa inclui 10 especialistas em doenças, provenientes de países como a Dinamarca e o Qatar.
“Todos estávamos a operar com o conhecimento de que a equipa começaria a mobilização hoje,” reiterou Michael Ryan, director-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS, durante o informe diário, do dia 5 de Janeiro. “Confiamos e esperamos que isto seja apenas uma questão de logística e burocracia que pode ser resolvida com muita rapidez.”
Os primeiros casos documentados de COVID-19 tiveram origem no mercado de produtos frescos de Wuhan. Os vendedores daquele mercado vendiam uma variedade de animais selvagens para o consumo e para o uso na medicina tradicional chinesa (MTC). Mercados muitos abarrotados como este permitem que os vírus passem de uma espécie para a outra e, eventualmente, infectem seres humanos.
Desde que surgiu a COVID-19 na China, a OMS registrou 84,7 milhões de casos no mundo inteiro e 1,8 milhões de mortes.
Pouco depois de terem registado o surto, as autoridades chinesas encerraram e limparam o mercado, eliminando qualquer potencial prova que os pesquisadores poderiam utilizar para indicar a fonte do vírus. Desde essa altura, a China resistiu à ideia de acolher investigações internacionais independentes no local de origem da COVID-19. Continua a sugerir que o surto começou num outro lugar.
A missão da OMS na China pretendia investigar a COVID-19, conhecida cientificamente como SARS-CoV-2, em parte, expandindo o conhecimento da SARS (SARS-CoV-1) original, uma doença respiratória semelhante que começou na China, em 2002, e foi transmitida para seres humanos a partir de morcegos de ferradura de cavalo, que são comuns no centro da China.
Os morcegos carregam uma variedade de coronavírus como a que causa a SARS e a COVID-19. Os vírus frequentemente requerem um animal intermediário para passarem para os humanos. Os pesquisadores descobriram um vírus semelhante em pangolins, que são uma componente famosa da MTC.
A missão da OMS procura definir exactamente qual foi o método da transmissão de animal para o homem, para melhor compreender o vírus e prevenir futuros surtos.