EQUIPA DA ADF
Enquanto os países de todo o mundo enfrentam dificuldades em registar o seu verdadeiro número de infecções pela COVID-19, um novo estudo demonstra que o número de casos confirmados em África é apenas uma fracção do real número de casos.
Publicado no dia 7 de Abril, o estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que mais de dois terços dos africanos ficaram infectados pela COVID-19 desde que a pandemia começou — 97 vezes mais do que o número de casos confirmados do continente.
Em média, o verdadeiro número de infecções no mundo inteiro foi 16 vezes mais elevado do que o número de casos confirmados, disse o estudo.
“Enquanto o número de casos e de mortes continua a registar um declínio em todo o continente, novas análises realizadas pela OMS revelam que os dados disponíveis provavelmente sejam superficiais em relação ao verdadeiro impacto de infecções pelo coronavírus em África,” directora regional da OMS para África, Dra. Matshidiso Moeti, disse num comunicado.
Mais de 11,4 milhões de casos confirmados e mais de 252.000 mortes foram registadas no continente até 24 de Abril, de acordo com dados do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC).
O estudo da OMS, que actualmente se encontra em avaliação dos pares, concluiu que 800 milhões de pessoas em África ficaram infectadas com COVID-19 desde que a pandemia começou, comparados com 8,2 milhões de casos registados até Setembro de 2021.
Revisões internacionais de amostras de sangue concluíram que havia uma subnotificação substancial de casos estimando que 45,2% da população mundial tenha estado infectada com a COVID-19 até Setembro de 2021.
“Contudo, é difícil comparar os números de África com os números de outras regiões, uma vez que muitos dos estudos realizados cobrem períodos diferentes de tempo e as estratégias de testagens variaram muito em todas as regiões,” disse Moeti.
O estudo combinou 151 estudos anteriores feitos em África, analisando amostras de sangue para determinar a proporção de indivíduos com anticorpos Sars-CoV-2.
Concluiu que houve um aumento massivo nas infecções de 3% em Junho de 2020 para 65% em Setembro de 2021, que coincidiu com o aparecimento das variantes Beta e Delta.
Na maior parte de África, os testes diagnósticos tipicamente centraram-se em viajantes e pessoas com sintomas. Os estudos sobre a seroprevalência oferecem dados de casos assintomáticos que de outro modo não seriam detectados. A OMS disse que África tem uma proporção elevada de casos assintomáticos, 67% em relação a outras partes do mundo.
Moeti apelou para a realização de mais testes em todo o continente.
“Os testes possibilitam que façamos o rastreio do vírus em tempo real, façamos a monitoria da sua evolução e avaliemos o aparecimento de novas variantes,” disse. “Os países devem aumentar o número de testes, o rastreamento de contactos e a vigilância para que possamos permanecer um passo adiantados em relação à COVID-19.“
Desde o dia 24 de Abril, as estatísticas do Africa CDC demonstram que mais de 105 milhões de testes foram administrados na população do continente de mais de 1,3 bilhões de habitantes.
África do Sul realizou o maior número de testes em África — mais de 24,3 milhões numa população de mais de 60 milhões de habitantes. Nigéria administrou pouco mais de 5 milhões de testes numa população de 211 milhões.
Moeti apelou que a população permanecesse vigilante uma vez que a pandemia continua.
“Os riscos de surgimento de variantes mais letais que vencem a imunidade ganha de anteriores infecções não pode ser colocada de lado,” disse. “Ainda não podemos declarar vitória contra a COVID-19.”