EQUIPA DA ADF
O reino de Maravi, que ocupava partes do que é hoje Malawi, Moçambique, Zâmbia e o leste do Zimbabwe, era uma sociedade vibrante de administradores competentes, comerciantes de marfim, curandeiros, sábios e metalúrgicos. Começou com as tribos Banda, Mwali, Nkhoma e Phiri, e acabaria por incluir outras tribos.
O reino data do século XIII, com migrações em grande escala de clãs aparentados que se estabeleceram na região do Lago Niassa, atraídos pela sua abundância natural. As migrações continuaram durante centenas de anos, atingindo o seu auge, provavelmente, no século XVI.
Os historiadores dizem que o reino em si foi estabelecido por volta de 1480 e dissolvido, em grande parte, em 1891. Contudo, a maior parte do que se sabe sobre o reino provém de histórias orais, memorizadas e transmitidas de geração em geração.
Os reis Maravi, chamados Karongas, tinham rituais elaborados para assinalar a passagem do tempo.
“Os senhores Maravi criaram os seus próprios rituais e cerimónias. O rei Maravi era sempre representado pelo fogo perpétuo, que era sustentado por esteiras de junco. O fogo só se apagava com a morte do rei. O fogo era conjurado no final da estação seca,” reportou o site Think Africa.
Os Karongas, também conhecidos como Kalongas, governaram a partir de Manthimba, no que é actualmente a região central do Malawi. A capital religiosa do reino era Mankhamba.
O comércio de marfim e ferro era uma parte importante da economia Maravi, com os comerciantes a enviarem-nos para os correctores Swahili na costa sul do continente e, mais tarde, para os comerciantes portugueses. Eventualmente, os mercadores árabes também se envolveram.
Na década de 1590, os portugueses tentaram assumir o controlo do comércio do marfim e do ouro na região, com resultados desastrosos: os Maravi enviaram os seus Zimba (saqueadores), que atacaram várias cidades comerciais portuguesas.
O declínio do reino começou quando alguns chefes de clãs começaram a negociar directamente com mercadores portugueses, árabes e Swahilis. Os chefes dos clãs tornaram-se cada vez mais independentes da autoridade central dos Karonga. Em 1720, a confederação tinha-se dividido em várias facções autónomas.
Outro grande golpe para o império veio indirectamente de Shaka Zulu, o líder do povo Zulu, no século XIX, cujo império cresceu até 210.000 quilómetros quadrados. Dois grupos poderosos, os Angoni e os Ngoni, chegaram ao reino de Maravi vindos do que é hoje a África do Sul, numa grande migração conhecida como Mfecane. Estavam a fugir de Shaka Zulu e tornaram-se uma força poderosa no reino, casando com mulheres Maravi e recrutando homens para os seus exércitos.
A influência da região entrou em declínio acentuado. O tráfico de escravos tornou-se um problema. As influências árabes e cristãs cresceram na região, com a chegada de missionários protestantes na década de 1860, juntamente com o Islão, introduzido pelos comerciantes de escravos Swahilis. Em 1883, chegou um cônsul britânico.
Actualmente, o povo Maravi, também conhecido como povo Nyanja, pode ser encontrado no Malawi e em Moçambique. Falam uma língua bantu e são considerados como fazendo parte do grupo étnico Chewa.