Equipa da ADF
Um novo sistema está a ajudar os retalhistas a fazerem vendas além-fronteiras. O Sistema Pan-Africano de Pagamentos e Liquidações (PAPSS, na sigla inglesa) foi lançado em Acra, Gana, em Janeiro de 2022. O mesmo permite que os compradores façam pagamentos numa moeda nacional para que um vendedor de um outro país possa ser pago na sua própria moeda local. Foi concebido para abrir o comércio entre os países africanos e processar pagamentos em menos de dois minutos.
“Existem 42 moedas em África. Queremos garantir que um comerciante de Gana possa transferir cedis ganeses para a sua contraparte do Quénia, que irá receber xelins quenianos,” Wamkele Mene, Secretário-Geral do Secretariado da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), disse ao New Times, do Ruanda.
Mene disse que as conversões de moeda custam a África cerca de 5 bilhões de dólares anualmente. Ao facilitar este processo, o PAPSS pode manter este dinheiro no continente e pode eventualmente permitir uma redução da dependência de moedas estrangeiras.
“Por que devemos precisar de moedas fortes para o comércio entre Quénia e Uganda ou entre Senegal e Guiné?” Benedict Oramah, Presidente do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), disse ao The Africa Report. “Por que não podemos operar como se todas as moedas africanas fossem convertíveis em África?”
O PAPSS foi desenvolvido pelo Afreximbank e é uma iniciativa conjunta que inclui a União Africana e a AfCFTA. A ideia do projecto remonta desde 2016, quando os organizadores estudavam os sistemas de pagamento e operadores de toda a África. No ano seguinte, a West African Monetary Zone concordou em implementar um plano piloto como uma prova de conceito.
O Afreximbank está a apoiar o sistema, fornecendo garantias de liquidação e facilidades de saque a descoberto.
O programa iniciou em Agosto de 2021 com testes de transacções envolvendo bancos centrais de Gambia, Gana, Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa. Foi lançado comercialmente em 2022. O PAPSS possui acordos com 12 bancos comerciais e quatro plataformas de distribuição de pagamentos.
Para além de facilitar os pagamentos além-fronteiras, o sistema também está a fazer investimentos em títulos, formalizando sistemas de pagamentos anteriormente informais e implementando salvaguardas para garantir que não seja utilizado por criminosos.
“O PAPSS irá preencher uma verdadeira lacuna, adaptando os requisitos do conhecimento do seu cliente e do branqueamento de capitais no contexto africano,” vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Solomon Quaynor, disse ao The Africa Report. “A infra-estrutura oferecida pelo PAPSS irá reforçar significativamente a integração intra-regional e o comércio intra-africano.”