EQUIPA DA ADF
Durante anos, a má informação colocou em risco os agentes de saúde pública quando procuravam conter os surtos de doença. Os rumores e as falsidades sobre como e quando as pessoas ficam infectadas ajudaram a alimentar a propagação de doenças como o HIV/SIDA, o Ébola, a COVID-19 e, mais recentemente, a varíola dos macacos.
O Programa Conjunto das Nações Unidas para o Combate ao HIV/SIDA (UNAIDS) e o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) estão a colaborar para rastrear e lidar com a informação falsa que cerca a COVID-19, o HIV e a varíola dos macacos, através do sistema de gestão de rumores.
O software ajuda a recolher e analisar dados de rumores das redes tradicionais e das redes sociais. Ajuda a identificar narrativas falsas e enganosas e sentimentos relacionados com a COVID-19 e o HIV. Eventos de formação sobre o sistema decorreram na África Ocidental, Central e na África do Norte, em Junho e Julho.
“Estas formações visam harmonizar e coordenar a nossa comunicação sobre o risco e as intervenções de envolvimento da comunidade sobre a COVID-19 e o HIV e ainda envolvermos melhor as nossas comunidades nas respostas a pandemias,” Dr. Benjamin Djoudalbaye, director de diplomacia de saúde pública do Africa ACDC, disse num comunicado de imprensa.
Dr. Cristian Apetrei, um professor de imunologia, doenças contagiosas e microbiologia na Faculdade de Ciências de Saúde, da Universidade de Pittsburgh, estudou o HIV durante décadas. Apetrei escreveu no The Conversation Africa que ele “teve uma sensação de déjà vu” quando a desinformação sobre a COVID-19 se propagava pelo mundo inteiro.
“O que distingue a pandemia da COVID-19, contudo, é a grande magnitude da desinformação prejudicial posta em circulação pelo mundo,” escreveu Apetrei. “Dados demonstram que as regiões e os países onde a desinformação persistiu experimentaram vagas de pandemia mais letais apesar da disponibilidade de vacinas.”
Muitas pessoas e grupos que propagam desinformação sobre a COVID-19 e o HIV também negam que as doenças sejam causadas por vírus e bactérias.
Informação de saúde falsa que circula amplamente pode ser catastrófica.
De 2000 a 2005, mais de 330.000 pessoas na África do Sul morreram prematuramente de HIV/SIDA, em parte, porque muitos não acreditavam nos factos sobre como a doença se propaga ou na eficácia dos medicamentos anti-retrovirais que salvam vidas.
Pelo menos 35.000 bebés na África do Sul nasceram com infecções de HIV que poderiam ter sido prevenidas, de acordo com um relatório da Escola de Saúde Pública Harvard T.H. Chan.
Agora, as autoridades sanitárias também estão a lutar contra a desinformação sobre a varíola dos macacos. As autoridades sanitárias afirmam que o vírus pode infectar qualquer pessoa que estiver em contacto físico próximo com uma pessoa infectada.
Dr. Ahmed Ogwell, director interino do Africa CDC, disse que combater a desinformação constitui uma das suas principais responsabilidades.
“A informação é muito importante para o nosso dia-a-dia,” disse durante uma conferência de imprensa da Organização Mundial de Saúde. “Quando esta informação não é exacta, ela torna-se prejudicial. Quando a informação sobre a saúde é corrompida, ela tem a capacidade de não apenas afectar vidas, mas também de tirar vidas.”