EQUIPA da ADF
À medida que o número de golpes de Estado aumenta em África, os economistas acompanham o seu custo em termos de abrandamento do crescimento e perda de investimento. Estão também a analisar a história recente para prever o impacto económico na África Ocidental.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento publicou um estudo em Julho de 2023, “Soldiers and Citizens: Military Coups and the Need for Democratic Renewal in Africa (Soldados e Cidadãos: Golpes Militares e a Necessidade de Renovação Democrática em África),” que mostra como os custos dos golpes se acumulam.
O estudo concluiu que os golpes de Estado “desencorajaram os investidores e reduziram as actividades económicas.” Acrescentou que o impacto dos golpes de Estado se faz sentir a todos os níveis da economia. “Os preços dos alimentos e dos produtos essenciais — já sob pressão devido à COVID-19 e, mais recentemente, ao conflito na Ucrânia — foram afectados pela instabilidade em todos os contextos,” concluíram os autores do relatório.
O estudo estima que o golpe de Estado da Guiné em 2008 e o golpe de Estado do Mali em 2012 eliminaram um total de 12 a 13,5 bilhões de dólares das suas economias em cinco anos, o que representou 76% do produto interno bruto (PIB) da Guiné em 2008 e quase metade do PIB do Mali em 2012.
No Burquina Faso, que registou dois golpes de Estado em 2020, o crescimento económico abrandou para 2,5% em 2022, depois de um robusto 6,9% no ano anterior, de acordo com a The Associated Press.
O golpe militar do Gabão, em Agosto de 2023, provocou uma queda abrupta das suas obrigações no mercado internacional.
“A tomada de poder pelos militares vai obrigar os investidores a reavaliar o seu interesse no Gabão e o panorama político mais vasto da região,” Maja Bovcon, analista sénior para África da empresa de informação de riscos Verisk Maplecroft, disse à Reuters.
Na Guiné, imediatamente após o Coronel Mamady Doumbouya ter derrubado o governo em 2021, o sector mineiro do país viu os preços dispararem para o nível mais elevado da última década.
Doumbouya tentou tranquilizar os parceiros económicos e comerciais da Guiné. Pediu às empresas mineiras que prosseguissem o seu trabalho e isentou as zonas mineiras do recolher obrigatório nocturno. Mas o sector ficou muito danificado.
“A desculpa que a maioria dos golpistas dá para derrubar um governo em funções é sobretudo a má economia, a corrupção, a insegurança e a má governação,” Israel Ojoko escreveu para o site de notícias nigeriano The Cable. “Mas acabam por não acrescentar qualquer valor.”