EQUIPA DA ADF
A Libéria embarcou num projecto de 3 milhões de dólares, com a duração de quatro anos, que irá ajudar pescadores locais na sua batalha contra a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN).
O projecto Comunidades para Pescas formará pescadores locais para tirarem fotografias com marcas geográficas de arrastões suspeitos de praticarem a pesca INN. É uma parceria entre a Fundação para a Justiça Ambiental (EJF) e a Autoridade Nacional de Pescas e Aquacultura da Libéria (NaFAA).
“Em alguns casos, forneceremos alguns smartphones para pescadores formados seguirem embarcações [de pesca ilegal e fazer denúncias] utilizando o nosso aplicativo de monitoria que permite que sejam tiradas fotografias com marcas geográficas,” Director-executivo da EJF, Steve Trent, disse à ADF num e-mail. “Para garantir a sustentabilidade, iremos encorajar que os pescadores utilizem os seus próprios smartphones — se disponíveis — para fazerem denúncias, com o projecto a fornecer carteiras à prova de água para guardar os seus telemóveis em segurança no mar.”
Aproximadamente 37.000 pessoas trabalham a tempo inteiro ou parcial na indústria pesqueira e 80% da população depende do peixe como fonte de proteínas.
Uma das razões pelas quais os pescadores ilegais têm o país como seu alvo é porque ele não tem a capacidade de policiar as suas águas. A NaFAA possui uma embarcação de patrulha de pesca que foi doada pelo governo do País de Gales e a Guarda Costeira liberiana tem seis embarcações.
A nova parceria está sob a cobertura do Programa de Parceria Agrícola da União Europeia (UE)–Libéria.
“Garantir que haja unidades populacionais de peixe saudáveis e sustentáveis permitirá que a Libéria aumente os seus rendimentos das pescas enquanto salvaguardam os meios de subsistência para pescadores artesanais e garantem uma maior fonte de proteína para as populações das zonas costeiras,” H.E. Laurent Delahousse, director da delegação da União Europeia na Libéria, disse ao FrontPage Africa, um jornal da Libéria.
A Directora-Geral da NaFAA, Emma Metieh Glassco, disse à SeafoodSource que ela trabalharia para garantir que o projecto crie “associações eficazes, com uma gestão conjunta feita pelas comunidades, para garantirem que haja locais de pesca legais e sustentáveis na Libéria.”
O projecto representa um outro passo que a Libéria deu para combater a pesca ilegal desde 2017, quando a UE emitiu um cartão amarelo para o país por não ter sido capaz de cooperar com medidas para a eliminação da pesca INN. Naquele ano, a Libéria entrou em parceria com a SeaShepherd Conservation Society para lutar contra a pesca ilícita. A parceria resultou em 15 detenções.
Em 2020, a Libéria recusou conceder licenças de pesca a seis grandes arrastões chineses capazes de dizimar as unidades populacionais de peixe daquela região. A embarcação de 50 metros com redes enormes e equipamento sofisticado de rastreio de peixe pode capturar anualmente mais de 2.000 toneladas de peixes de fundo. Isso é 4.000 vezes mais do que uma canoa artesanal pode capturar, de acordo com a SeafoodSource.
“Estamos profundamente gratos que a decisão tenha sido tomada para priorizar o desenvolvimento dos pescadores de pequena escala e evitar dar acesso a arrastões industriais,” Jerry Blamo, presidente da Associação de Pescadores Artesanais da Libéria, disse num comunicado. “Isso dará aos pescadores uma oportunidade de pescar de forma sustentável para alimentarem as suas famílias e o país, não apenas agora mas para as próximas gerações.”
A EJF também aplaudiu a decisão da Libéria.
“A decisão de recusar conceder licenças a esses super-arrastões é um marco importante na gestão sustentável das pescas da Libéria,” disse Trent, num comunicado. “Transmite uma mensagem clara à toda África Ocidental de que os Estados da região podem priorizar as comunidades de pesca locais para protegerem o ambiente marinho e os empregos assim como a segurança alimentar que o mesmo apoia.”