EQUIPA DA ADF
Especialistas de saúde pública estão a rastrear a propagação de duas novas sub-linhagens da variante Ómicron da COVID-19, numa preocupação cada vez mais crescente de que as infecções por BA.4 e BA.5 possam propagar-se apesar da imunidade criada.
As sub-linhagens estão a impulsionar um aumento acentuado no número de casos na África do Sul e no Botswana, levantando a pergunta sobre se irão ou não levar a uma quinta vaga de infecções.
Dr. Nicholas Crisp, director-geral adjunto do Departamento Nacional de Saúde da África do Sul, disse à Bloomberg que uma nova variante irá impulsionar uma quinta vaga, em vez da recentemente comunicada sub-linhagem BA.4 da Ómicron, que apareceu em amostras de águas residuais examinadas pelo Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis.
Contudo, o Dr. Túlio de Oliveira, director do Centro para Resposta Epidémica e Inovação (CERI), na África do Sul, recentemente sugeriu o contrário. O CERI identificou a BA.4 e a BA.5 e confirmou a existência da primeira variante Ómicron antes disso.
“Então, parece que a #COVID-19 pode estar a evoluir de forma diferente que podemos não precisar de uma nova variante para causar uma nova vaga de infecções,” publicou de Oliveira numa conversa do Twitter relacionada com as novas sub-linhagens.
Estudos feitos em amostras de sangue demonstram que até 80% da população da África do Sul esteve exposta à COVID-19 e, por conseguinte, possui alguma imunidade.
Isso pode não ser suficiente para proteger contra as novas sub-linhagens, de acordo com o investigador Dr. Alex Sigal, viologista do Instituto Africano de Pesquisa em Saúde de Durban, África do Sul.
Sigal comunicou recentemente que a versão BA.1 da Ómicron, que impulsionou a quarta vaga de infecções em finais de 2021, não é imunogénica. Isso significa que as pessoas infectadas com a BA.1 não receberam protecção contra as sub-linhagens BA.4 e BA.5.
“O escape da BA.4/BA.5 embora não seja tão drástico quanto ao escape da Ómicron de vacinas ou da imunidade da Delta, é suficiente para causar problemas e levar a uma vaga de infecções,” escreveu Sigal no Twitter.
A positividade de casos na África do Sul saiu de 4% para 19% com o aumento de novas sub-linhagens. Apesar disso, a possível nova vaga provavelmente seja menos severa do que as vagas anteriores, disse Sigal.
Quando os casos aumentaram, os internamentos e as mortes não aumentaram, de acordo com o epidemiologista sul-africano, Salim Abdool Karim.
Não está claro se as novas sub-linhagens irão impulsionar uma nova vaga de infecções no mundo inteiro, disse Karim ao The Associated Press.
Uma tendência ligada às novas sub-linhagens está a levantar preocupações: o internamento de crianças infectadas — o regresso da tendência criada pela primeira vaga relacionada com a Ómicron, de acordo com Helen Rees, directora-executiva do Instituto de Saúde Reprodutiva e HIV, na Universidade de Witwatersrand.
O aumento acentuado de novas infecções na África Austral coincide com a época de gripes no hemisfério sul, numa altura em que o hemisfério sul se aproxima do tempo mais fresco do Outono e do Inverno. O aumento de casos da África do Sul, por si só, foi suficiente para reverter o declínio global de dois meses de África, de acordo com o Escritório Regional da Organização Mundial de Saúde para África.
De acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), as infecções pela COVID-19 registaram um decréscimo de 7%, de Março a meados de Abril, e as mortes diminuíram em 8% no mesmo período.
“Estarmos prontos para a próxima vaga é algo em que devemos trabalhar colectivamente para garantir que existam preparações em vigor,” director do África CDC, Dr. John Nkengasong, disse durante o seu informe de meados de Abril. “Não podemos ser complacentes. Ainda estamos numa pandemia.”