O Instituto Nacional de Doenças Contagiosas (NICD) da África do Sul está a analisar amostras de oito doentes de COVID-19 que apresentam novas mutações da estirpe Ómicron.O instituto analisou as amostras juntamente com outras provenientes de todo o mundo, disse a professora Anna von Gottberg, da Universidade de Witwatersrand. As mutações foram identificadas em amostras colhidas até 22 de Julho.
“Por enquanto, estas sequências não são de espécies muito recentes e o número é muito pequeno, por isso, é difícil prever o que irá acontecer de agora em diante,” von Gottberg disse ao jornal sul-africano, Daily Maverick.
O instituto irá trabalhar para determinar se mutações semelhantes são detectadas em novas amostras, acrescentou von Gottberg. As estirpes diferem principalmente nas mutações da proteína spike do vírus, que permite que ele invada as células hospedeiras e cause infecção.
A evolução constante da COVID-19 está a manter os cientistas atarefados. No fim de Julho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que estava a fazer a monitoria de cinco variantes emergentes da BA.2. Os novos vírus serão classificados como Ómicron até que haja provas suficientes que demonstrem que o vírus é substancialmente diferente, afirmou a OMS.
No início de Agosto, a OMS fez a monitoria da subvariante da Ómicron, BA.2.75, que se propagou para mais de uma dezena de países depois de ter sido detectada na Índia.
A BA.2.75 possui várias mutações dentro da proteína spike do vírus, Dr. Mathews Binnicker, um microbiologista da Mayo Clinic, escreveu no início de Agosto. Os especialistas estão preocupados que a BA.2.75 possa ser capaz de propagar-se de forma mais rápida do que as estirpes anteriores e escapar-se da imunidade.
“Nenhum dado sólido sugere que [a BA.2.75] cause doença mais grave, mas é importante indicar que quanto mais pessoas são infectadas, mesmo que seja com uma estirpe menos virulenta, as possibilidades de que o vírus venha a infectar alguém que é mais susceptível a infecção grave aumentam,” escreveu Binnicker na Mayo Clinic News Network. “As pessoas comprometidas em termos imunológicos ainda podem acabar com doença grave e serem internadas.”
No Twitter, Binnicker escreveu que a BA.2.75 pode fazer com que o “escape imunológico seja pior” do que a altamente transmissível estirpe BA.5, que alimentou o aumento significativo de infecções a nível mundial em Junho e Julho. O escape imunológico ocorre quando o sistema imunológico de uma pessoa não é capaz de reconhecer e eliminar um vírus ou outro patogénico.
Binnicker apelou a população para continuar a praticar as medidas de prevenção da COVID-19, incluindo a lavagem das mãos, o uso de máscaras e evitar grandes aglomerados.
Embora a Ómicron tenha originado uma constelação de variantes, a BA.5 continuou a ser a estirpe mais prevalecente a nível mundial, no início de Agosto.
“A subvariante BA.5 da Ómicron é a pior versão do vírus que já vimos,” Dr. Eric Topol, fundador e director do Scripps Research Translational Institute, escreveu na sua página da internet. “Leva o escape imunológico, que já é extensivo, para o próximo nível e, como uma função disso, aumenta a transmissibilidade para muito mais do que a Ómicron [BA.1] e outras variantes da família da Ómicron que já vimos.”