AGÊNCIA FRANCE-PRESSE
Quando a COVID-19 encerrava empresas pelo mundo inteiro e obrigava bilhões de pessoas a ficarem em casa, o realizador nigeriano, Obi Emelonye, arranjou uma forma inovadora de continuar a filmar.
Inspirado pelas videoconferências da sua esposa a partir do seu isolamento, na Inglaterra, ele escreveu e organizou uma curta-metragem sobre um casal separado entre Londres e Lagos.
Apenas houve um dia para os ensaios e dois dias para as filmagens. Os actores gravaram cenas nos telemóveis em suas casas, em dois continentes diferentes.
“Queria mostrar aos jovens que apesar das inúmeras dificuldades da nossa profissão, apesar do coronavírus, é possível fazer um filme sem financiamento, sem nem sequer ter uma máquina de filmar como tal,” disse o realizador.
Face a pandemia, a segunda indústria de produção de filmes mais prolífica do planeta precisa do seu espírito criativo mais do que nunca.
Moses Babatope acompanhou quando a ordem do governo para encerrar as actividades causou a perda de rendimentos da primavera de 2020 na Filmhouse, uma cadeia cinematográfica que ele co-fundou em 2012. Estimou que as perdas para o sector alcançaram mais de 9 milhões de dólares, nessa altura.
Dezenas de filmagens foram interrompidas ou canceladas, e os trabalhadores estão a ficar sem pagamento.
A Netflix suspendeu a filmagem do seu primeiro seriado original feito na Nigéria, e o gigante da comunicação social, Vivendi, adiou a inauguração da sua primeira sala de cinema na capital, Abuja.
Os distribuidores estimam que 50.000 empregos estão sob ameaça. “Vai passar algum tempo antes de realmente começarmos de novo,” lamentou Babatope.
Para contornar os problemas, a indústria começou a ampliar os seus limites. O produtor Charles Okpaleke fez parceria com cadeias de cinema locais, Genesis e Silverbird, para lançar as instalações drive-in, a céu aberto.
Uma primeira exibição em Abuja, em finais de Maio de 2020, esgotou poucas horas depois quando os espectadores vieram, em massa, para assistir ao seu filme, Viver no Cativeiro (Living in Bondage), a partir do conforto dos seus carros.
Os produtores e os realizadores também estão a tentar fazer o lançamento dos seus filmes em serviços de streaming, como Netflix e o seu concorrente local, Iroko TV.