EQUIPA DA ADF
A Nigéria desenvolveu um novo teste rápido concebido para detectar a COVID-19 com maior rapidez e a um custo menos dispendioso do que os testes já existentes.
O novo teste aparece numa altura em que o uso da máscara e o distanciamento social diminuíram nas ruas das maiores cidades da Nigéria, depois de os líderes nigerianos terem relaxado as medidas de confinamento obrigatório no país, em Julho, e reaberto o aeroporto internacional, em Setembro. O aumento do movimento de pessoas que entram e circulam pelo país aumentou o risco de que os casos da COVID-19 possam vir a subir. Ao mesmo tempo, a testagem reduziu e com ela os casos reportados, aumentando assim a preocupação entre os funcionários da saúde de que o vírus possa propagar-se de uma forma despercebida.
Desde que a COVID-19 surgiu na Nigéria, em Março, o país de 200 milhões de pessoas já registou mais de 60.000 casos e mais de 1.100 mortes. O governo já realizou mais de 550.000 testes — um número substancial, mas que ainda precisa de aumentar para se poder ter uma melhor compreensão da propagação da doença e sobre as taxas de infecção, de acordo com especialistas do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Nigéria.
A resposta está no SIMA — o Ensaio de Diagnóstico Molecular Isotérmico para SARS-COV-2 — um teste do coronavírus que é mais rápido em relação ao teste convencional, RCP (reacção em cadeia da polimerase), que detecta o DNA do vírus. A um custo de 25 dólares por kit, o SIMA será significativamente mais barato em relação ao teste RCP de 130 dólares. O SIMA foi anunciado no dia 18 de Setembro.
O kit de testagem é simples, portátil e pode testar 16 amostras de uma só vez. Funciona em temperaturas de até 40° C e produz resultados em cerca de 40 minutos. O teste é menos sensível em relação ao RCP, mas este pode levar horas ou dias para produzir resultados.
Graças à simplicidade do modelo, os funcionários do sector de saúde podem administrar o novo teste com um mínimo de treinamento e ir ao encontro das pessoas que procuram pelos testes onde elas estiverem, quer seja em mercados com muita gente ou em aldeias distantes, em vez de exigir que elas venham até ao centro de testagem.
“Pensamos em desenvolver este teste quando nos apercebemos que muitas pessoas desejavam realizar o teste da COVID-19, mas havia pouquíssimos laboratórios, especialmente para pessoas que precisassem de passar por uma triagem feita por um médico ou que precisassem de uma cirurgia no hospital,” Baratunde Salako, director-geral e PCA do Instituto Nigeriano de Pesquisa Médica, disse à ADF. “Assim, é necessário um tipo de teste para o local de atendimento em vez de um grande laboratório com o teste RCP convencional.”
O teste é simples o suficiente para que mesmo pessoas não formadas possam transportá-lo para o campo e administrá-lo, de acordo com o Dr. Chika Onwuamah, que desenvolveu o SIMA no instituto.
“O teste é algo que pode ser transportado de forma confortável e usado como um kit de testagem de auto-serviço,” Onwuamah disse ao jornal TheTelegraph. “É possível testar 32 pessoas em uma hora com um único pacote.”
A rapidez e a portabilidade do teste permitem que os especialistas médicos possam transportá-lo para bairros com muitas pessoas ou para aldeias distantes, permitindo que os pacientes vençam o potencial estigma de ter de visitar um centro de testagem. O SIMA também é ideal para aeroportos.
“Havia um homem a viajar para uma operação na perna,” Onwuamah disse ao The Telegraph. “Mas primeiro teve de vir ao nosso centro para fazer o teste, com dores. Com o SIMA, isso podia facilmente ser feito no aeroporto.”
Embora o seu aeroporto internacional tenha sido reaberto, a Nigéria exige que os seus viajantes internacionais testem negativo para a COVID-19 cinco dias antes de chegarem. Depois da chegada, devem permanecer em isolamento por sete dias.
Com um tempo de resposta de 40 minutos, o novo teste pode ser administrado em passageiros antes do seu voo ou depois que os mesmos cheguem.
“O teste tem a capacidade de facilitar a testagem no aeroporto ou em qualquer posto fronteiriço, visto que exige um pequeno espaço ou laboratório para efeitos de biossegurança,” disse Salako. “A detecção de casos é de grande importância para o controlo da pandemia.”