EQUIPA DA ADF
Yvonne Chengwe desenvolveu a COVID-19 em Junho de 2021. Mas mais de um ano após a sua recuperação, ela ainda sente dores, ansiedade e outros sintomas associados com a condição conhecida como COVID longa.
A dor nos seus pés fez com que permanecer de pé por longos períodos fosse uma experiência extremamente dolorosa, o que obrigou Chengwe, uma residente de Joanesburgo, África do Sul, a desistir do seu trabalho como terapeuta massagista. Actualmente, ela é professora de Inglês.
A COVID longa pode desenvolver-se semanas ou meses depois da infecção inicial pela COVID-19 ter passado e pode persistir por mais tempo ainda. Não existe uma definição médica para aquela condição que se manifesta como qualquer um dos 200 sintomas registados ou uma mistura deles. Os sintomas mais comuns são fadiga, dores, ansiedade e dificuldades de pensar com clareza, conhecida como “nevoeiro cerebral.”
Os investigadores acreditam que cerca de um quarto das recuperações da COVID-19 podem transformar-se em COVID longa. Na África do Sul, onde aproximadamente 4 milhões de pessoas se recuperaram das infecções desde que a pandemia começou, isso significa que mais de 1 milhão de pessoas podem ter desenvolvido a COVID longa.
“Infelizmente, muito pouca atenção é dada à COVID longa na África do Sul e em todo o resto do continente, mas o mesmo acontece a nível mundial,” professora Resia Pretorius, da Universidade de Stellenbosch, recentemente disse à revista The Lancet Respiratory Medicine.
Isso ocorre, em parte, porque muitas pessoas com a COVID longa tratam a si próprios em casa em vez de procurarem por tratamentos hospitalares. O mesmo faz com que seja difícil documentar os sintomas e os casos, de acordo com Dr. Ahmed Ogwell, director interino do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.
“Estamos a trabalhar com um conjunto de países que possuem bons dados das suas instalações hospitalares para captarem o fardo,” disse Ogwell.
É importante desenvolver uma melhor compreensão da COVID longa, porque ela absorve recursos cruciais de outros aspectos da prestação de cuidados de saúde, por longos períodos, disse Ogwell.
Samantha Ankoor encontra-se entre aqueles que procuraram por tratamento de seus sintomas de COVID longa, que incluem dificuldades de respirar e nevoeiro cerebral.
Ankoor passou 11 meses em tratamentos num centro de terapia privada, onde os terapeutas utilizam uma combinação de actividade física e terapia cognitiva comportamental para ajudar os pacientes a retomarem os seus estados pré-COVID.
“Isso mudou a minha vida,” disse Ankoor à DW.com. “A minha memória está melhor. Os meus problemas de cognição desapareceram. Eu simplesmente sou uma pessoa diferente agora.
Ankoor encontra-se entre os 27% de sul-africanos com seguros privados que podem cobrir os custos de terapia privada. Uma opção para os outros pacientes é a Clínica de Doenças Pulmonares pós-COVID-19, do Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo.
Desde 2020, a clínica tem tratado pacientes de COVID longa, através de uma combinação de disciplinas da área da medicina seleccionadas de todo o hospital e concebidas para corresponderem aos seus sintomas. As equipas de tratamento podem incluir terapeutas físicos, psicólogos, nutricionistas e especialistas de medicina interna.
“O que é necessário é uma abordagem multidisciplinar,” Dr. Rubeshan Perumal, um cientista sul-africano, disse à Newzroom Afrika. “Este conjunto de sintomas pode vir de vários lugares. Por vezes, não somos sequer capazes de identificar a fonte desses sintomas.”
Perumal disse à revista The Lancet Respiratory Medicine que a COVID longa é “uma preocupação de saúde pública incontornável.”
“Não podemos simplesmente permitir que o mundo pós-pandemia se caracterize por uma incapacidade em grande escala,” disse.
Perumal é responsável por gerir um centro de saúde público que, até agora, é o único do seu tipo na África do Sul. Este é um problema para a maioria dos sul-africanos que vivem com a COVID longa, de acordo com a terapeuta de reabilitação Patricia Zondo.
“Para pessoas que não tenham acesso a instalações de reabilitação privada, apenas existe uma instalação financiada pelo governo,” Zondo disse à DW.com. “Por isso, a maior parte dos casos ficam sem tratamento.”
Chengwe encontra-se entre os sul-africanos que foram obrigados a encontrar as suas próprias soluções para os seus sintomas de COVID longa. Para ela, a solução foi a acupunctura.
“A dor nos meus pés diminuiu muito,” disse à DW.com.