EQUIPA DA ADF
Desde que os cientistas identificaram a variante Ómicron do SARS-CoV-2, na África Austral, no fim de 2021, ela mudou, transformando-se numa diversidade de subvariantes, com mutações que agora estão a impulsionar vagas da COVID-19 em todo o mundo.
Os especialistas afirmam que esta é a forma pela qual os vírus se adaptam.
“Bem-vindos aos #Jogos Olímpicos da Ómicron, onde um conjunto deslumbrante de estirpes novas, em forma, correm umas contras as outras em busca do domínio global,” epidemiologista e especialista em biossegurança, Raina MacIntyre, publicou no Twitter, no dia 11 de Outubro.
Impulsionada por duas subvariantes da Ómicron, a quinta vaga de COVID-19 da África do Sul atingiu o pico por volta de meados de Maio. As mutações fizeram com que as subvariantes fossem ligeiramente mais transmissíveis e com maior capacidade de evitar a imunidade.
A virologista Penny Moore, cuja equipa da Universidade de Witwatersrand estuda as variantes da COVID-19, viu isso em primeira mão em Joanesburgo.
“Definitivamente, estamos a entrar num período de ressurgimento na África do Sul e parece que está a ser totalmente impulsionado pela BA.4 e BA.5,” disse à revista Nature. “Estamos a ver números absurdos de infecções. Somente no meu laboratório, tenho seis pessoas internadas pela doença.”
No dia 5 de Outubro, o Director-Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, fez uma actualização sobre a propagação do vírus.
“Vários países da Europa agora estão a registar um aumento no número de casos, internamentos e mortes por COVID-19,” disse durante uma conferência de imprensa semanal. “A maior parte dos países deixou de aplicar as medidas para limitar a propagação do vírus.
“Esperamos que os casos registados de COVID-19 aumentem.”
Numa altura em que a Ómicron continua a ser a variante dominante a nível mundial, ele disse que a OMS e os seus parceiros estão a rastrear mais de 300 subvariantes.
“Mas a vigilância, a testagem e o sequenciamento continuam fracos a nível mundial, o que faz com que o rastreamento deste vírus seja como perseguir sombras,” enfatizou.
A extirpe mais comum da Ómicron, a BA.5 começou a dar lugar a novas subvariantes.
Os cientistas encontraram a BA.4.6, que se originou a partir da subvariante BA.4, em aproximadamente 12% dos novos casos a nível mundial em Outubro — o dobro da quantidade encontrada em meados de Agosto.
As mutações da BA.5 deram lugar ao surgimento das estirpes BQ.1 e BQ.1.1, que representaram quase 6% de casos em Outubro. Os laboratórios encontraram uma outra subvariante, a BF.7, em cerca de 5% dos casos recentes.
Existem tantas estirpes a circular em partes diferentes do mundo, que alguns cientistas as atribuem alcunhas como Aeterna, Grifo, Minotauro, Quíron, Tifão e Cérbero para ajudar com a desordem numérica.
Especialistas alertam que estas novas estirpes podem causar novas vagas de infecções. Mas eles afirmam que precisam de mais dados em tempo real.
Em todo o mundo, os países reduziram as testagens da COVID-19. O relaxamento das medidas relativas ao uso da máscara e as mudanças no comportamento das pessoas que já estavam cansadas das medidas de restrição de saúde pública podem ser os responsáveis do recente aumento no número de casos.
O mundo já registou mais de 624 milhões de casos confirmados de COVID-19 e mais de 6,5 milhões de mortes, de acordo com as estatísticas da OMS, até ao dia 23 de Outubro.
Alguns especialistas, como o Dr. Eric Topol, professor de medicina molecular, no Scripps Research, estão a alertar que a pandemia está a entrar numa encruzilhada.
“Já houve alturas em que variantes diferentes estiveram a circular em partes diferentes do mundo, como a variante Gama, na América do Sul, e a variante Beta, na África do Sul,” disse à revista Fortune.
“Mas isso é diferente, porque agora temos variantes com níveis extremos de evasão imunológica e em qualquer país, potencialmente algumas que podem estar a ocorrer ao mesmo tempo.”