VOZ DA AMÉRICA
Uma mãe somali e sua filha, que dedicaram as suas vidas a reabilitar as vítimas do conflito, estão a ganhar aclamação internacional, recebendo um prémio de 1 milhão de dólares.
Fartuun Adan e a sua filha, Ilwad Elman, operam o Elman Peace, uma organização que ajuda vítimas da violência sexual e trabalha para reabilitar e dar formação profissional a crianças-soldado, na Somália.
Elas receberam o Prémio Aurora por Despertar a Humanidade, de 2020, dado anualmente a uma pessoa ou um grupo que arrisca a sua vida para proteger pessoas em conflito. O prémio é dado em homenagem às vítimas do genocídio arménio. Elas são o quinto receptor desde que o prémio foi criado.
O par criou o Sister Somalia, o primeiro centro de crises relacionadas com violações do país que oferece protecção, aconselhamento e tratamento médico às vítimas. Em 2010, quando o centro de crise começou o seu trabalho, políticos da Somália, incluindo o presidente, negaram que existiam violações no país. Abordar esse assunto era considerado um tabu.
Quando o grupo abriu uma linha de atendimento através da qual as vítimas podiam ligar para pedir ajuda, os operadores receberam ameaças de violência de pessoas que não queriam que este assunto fosse discutido.
“O nosso pessoal foi preso, ameaçado. Os nossos centros foram encerrados. E isto foi apenas 10 anos atrás,” disse Elman. “Não havia um perfil sobre como era uma sobrevivente da violência sexual na Somália naquela altura, desde uma mulher de 70 anos de idade até uma criança de 2 anos. Impunidade total.”
O centro de crise cresceu para incluir instalações de apoio locais em nove regiões da Somália. A questão, uma vez ignorada, agora está a ser debatida no parlamento por representantes do sexo feminino eleitos.
“Temos muito que fazer, mas vimos de um lugar onde nem sequer se podia falar sobre isso,” disse Elman. “Não havia sequer serviços disponíveis para hoje termos múltiplos provedores de serviços onde podemos ter um grande aumento de participação das mulheres [no Parlamento], de 11% para 24%.”
“Temos uma conversa que realmente reconhece que isto está a acontecer no país,” disse Elman. “E agora tenta compreender o que se pode fazer sobre isso em oposição a recusar a sua existência. Então, existe um tremendo progresso.”
O activismo da família começou com o falecido marido de Fartuun Adan, Elman Ali Ahmed. Um activista da paz, ele possuía lojas de reparação de viaturas em Mogadíscio, onde oferecia emprego e formação profissional a jovens que decidiam deixar as milícias baseadas nos clãs. Era conhecido pelo seu lema “Abandone a arma, pegue numa caneta.”