EQUIPA DA ADF
Tendo já recuperado a maior parte da região de Cabo Delgado, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique planeiam cortar as linhas de abastecimento dos poucos terroristas que se escondem na Floresta de Catupa, enquanto tentam livrar o país da ameaça por completo.
Com a ajuda das Forças de Segurança do Ruanda e das tropas da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, Moçambique eliminou mais de 90% das operações terroristas na região de Cabo Delgado. Os restantes 200 a 250 terroristas sobrevivem em pequenos grupos sem base de operações e estão escondidos na Floresta de Catupa, segundo o Comandante das Forças de Defesa de Moçambique, Major-General Tiago Alberto Nampele.
“Por isso, o que estamos a planear neste momento, em primeiro lugar, é tentar impedi-los de obter alimentos,” Nampele disse numa recente conferência de imprensa em Mocímboa da Praia, a vila que os terroristas capturaram em 2021.
Os que se mantêm em Catupa continuam a desencadear escaramuças e aquilo a que os chefes militares chamam ataques “incómodos” contra as comunidades vizinhas. O General Ronald Rwivanga, porta-voz das forças ruandesas, disse que o Ruanda está aberto a expandir as suas operações em Moçambique para além de Mocímboa da Praia.
“O mais importante é que trabalhemos em conjunto com as forças moçambicanas para pacificar a província de Cabo Delgado,” disse.
Em comunidades como Quionga, no distrito de Palma, no nordeste de Moçambique, o sucesso do esforço de combate ao terrorismo é evidente. Os residentes passeiam pelas ruas e os estabelecimentos comerciais permanecem abertos após o pôr-do-sol. As patrulhas de segurança continuam, mas a um ritmo reduzido. A vida regressou em grande parte à normalidade após mais de seis anos de violência.
Desde que apareceram em Cabo Delgado, em 2017, os terroristas pertencentes ao Ansar al-Sunna wal Jama’a, uma insurgência apoiada pelo Estado Islâmico e conhecida localmente como al-Shabaab, mataram 4.000 civis e forçaram 1 milhão de pessoas a fugir da região.
O porto de Mocímboa da Praia desempenha um papel crucial nos planos de Moçambique para desenvolver os campos de gás natural que se encontram ao largo da costa. Com a derrota dos terroristas, espera-se que o trabalho de desenvolvimento seja retomado no local.
Ao derrotar os insurgentes, as forças moçambicanas e os seus parceiros conseguiram algo que os mercenários russos do Grupo Wagner não conseguiram fazer. Em 2019, o governo moçambicano contratou o Grupo Wagner, agora conhecido como Africa Corps, para acabar com a insurgência. O grupo retirou-se após dois meses e várias mortes nas suas fileiras.
Os analistas dizem que o Grupo Wagner falhou, em parte, porque se recusou a coordenar com as forças moçambicanas.
Nampele disse que a coordenação estreita com as forças ruandesas era vital para derrotar a insurgência de Cabo Delgado. As forças ruandesas foram destacadas para Moçambique a pedido do Presidente Filipe Nyusi, em Julho de 2021. A presença ruandesa aumentou de 1.000 em 2021 para 2.800 no final de 2023.
“Era como gás,” disse Nampele. “Podemos ter um fogão, podemos ter comida. Mas se não tivermos gás, não cozinhamos nada. Assim, o Ruanda passou a ser o nosso gás. Deram-nos força e juntos, ombro a ombro, fizemos o que fizemos e continuamos a fazê-lo juntos no terreno.”