EQUIPA DA ADF
A Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas no Mali (MINUSMA) está a trabalhar para encerrar 12 campos e uma base operacional temporária e entregá-los às autoridades malianas até ao final do ano.
O pessoal da MINUSMA, num total de quase 13.000, também deverá sair do país até 31 de Dezembro. O pessoal civil será retirado e os equipamentos, que inclui cerca de 5.500 contentores marítimos e quase 4.000 veículos, serão reafectados a outras missões ou devolvidos aos países que os forneceram.
A primeira fase da retirada, que incluiu o encerramento de três campos e da base temporária, teve início em Julho. A MINUSMA está no Mali há uma década.
Embora a missão esteja de partida, a ONU permanecerá no país através das suas agências, fundos e programas, El-Ghassim Wane, representante especial do secretário-geral da ONU no Mali, disse ao Conselho de Segurança da ONU em Agosto. Wane disse que a missão está a ajudar as autoridades do Mali a prepararem-se para assumir o controlo quando a retirada estiver concluída.
“É evidente que ainda há muito a fazer. O objectivo era ajudá-los a prepararem-se da melhor forma possível para assumirem o controlo… e continuarem os esforços de estabilização que temos vindo a apoiar nos últimos dez anos,” disse Wane num relatório da ONU. Acrescentou que a missão está empenhada em assegurar uma coordenação tão estreita quanto possível para que a sua partida não deixe um vazio de segurança.
Violência Crescente
Há mais de uma década que o Mali luta contra o terrorismo. A situação deteriorou-se em Dezembro de 2021, quando a junta no poder no país contratou o Grupo Wagner da Rússia a um custo de quase 11 milhões de dólares por mês para garantir segurança e formação — ao mesmo tempo que explorava as minas de ouro.
Em vez de estancar o derramamento de sangue, o Grupo Wagner parece estar a provocá-lo. No total, 71% do envolvimento do Grupo Wagner na violência política no Mali assumiu a forma de ataques contra civis, de acordo com o Projecto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos.
O grupo tem como alvo civis durante os ataques nas regiões de Mopti, Koulikoro, Segou e Tombuctu. Centenas de civis morreram nesses ataques, que incluíram o massacre de mais de 500 pessoas em Moura, na região de Mopti, em Março de 2022. O ataque foi perpetrado pelas tropas malianas e pelo Grupo Wagner.
Entre meados de 2022 e meados de 2023, os eventos violentos ligados a “grupos islâmicos militantes” aumentaram para 1.024, contra 862 registados no período anterior, de acordo com um relatório do Centro de Estudos Estratégicos de África. Os actos de violência, lançados por grupos terroristas ligados à al-Qaeda e ao grupo do Estado Islâmico (EI), incluem ataques às forças de segurança e a civis.
“O Mali está a caminho de registar mais de 1.000 eventos violentos envolvendo grupos militantes islâmicos em 2023, eclipsando os níveis recordistas de violência do ano passado, com um aumento de quase três vezes desde que a junta tomou o poder em 2020,” afirma o relatório do ACSS.
No primeiro semestre de 2023, registaram-se 16 episódios de “violência militante islâmica” num raio de 150 quilómetros de Bamako, a capital do país, em comparação com cinco desses eventos nos seis meses anteriores. Desde 2021, a violência contra civis aumentou 278%, com mais de 1.600 vítimas mortais registadas, segundo o relatório.
No início de Julho, homens armados abriram fogo contra uma coluna logística da MINUSMA. O ataque no norte do Mali desencadeou um intenso tiroteio durante o qual um camião-cisterna se virou, ferindo um civil.
EI Quase Duplica o Seu Território
O EI quase duplicou o seu território no Mali em menos de um ano, segundo um relatório da ONU publicado no final de Agosto.
“O Mali continua a ser um ponto de referência do tráfico de droga na África Ocidental e entre os países costeiros do Golfo da Guiné e o Norte de África, em ambas as direcções,” afirmaram os especialistas, acrescentando que muitos dos principais traficantes de droga estariam baseados em Bamako, a capital nacional.
O painel afirmou que continua particularmente preocupado com a persistência da violência sexual relacionada com o conflito nas regiões de Menaka oriental e Mopti central. “Especialmente as que envolvem os parceiros de segurança estrangeiros das Forças Armadas do Mali,” disse o painel em referência ao Grupo Wagner.
“O painel acredita que a violência contra as mulheres e outras formas de graves abusos de direitos humanos e do direito humanitário internacional estão a ser utilizadas, especificamente pelos parceiros de segurança estrangeiros, para espalhar o terror entre as populações,” afirma o relatório.