EQUIPA DA ADF
Depois de responder rapidamente à pandemia global da COVID-19 com confinamentos obrigatórios totais, obrigatoriedade do uso da máscara e outras medidas de saúde pública, os países africanos recuaram na aplicação destas medidas de precaução quando a primeira vaga de infecções começou a reduzir em meados de 2020.
Impulsionada por duas variantes mais contagiosas, uma segunda vaga de infecções rapidamente superou a primeira. Em alguns países, os números de infecções diárias triplicaram quando a segunda vaga se instalou.
Até ao fim de 2020, aproximadamente três quartos dos países africanos estavam no meio de uma segunda vaga. Passados pouco mais de três meses, uma terceira vaga pode estar a formar-se em alguns países.
“Temos de fazer todo o possível para manter as nossas medidas de saúde pública para continuarmos a combater o vírus com sucesso,” Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), disse durante uma recente actualização sobre a COVID-19.
Apesar do aumento no número de novos casos, as autoridades de saúde preferiram não impor confinamentos obrigatórios totais como fizeram durante a primeira vaga. O número de países com medidas de saúde pública rigorosas em vigor reduziu de 48, em Abril de 2020, para 36, nos finais do ano, apesar do aumento do número de infecções, de acordo com o África CDC.
Durante a sua actualização do dia 1 de Abril sobre a COVID-19, Nkengasong mencionou uma possível razão: as restrições são menos utilizadas agora do que eram há um ano.
O apoio à restrição de viagens, ao encerramento das escolas e limites semelhantes sobre as movimentações bem como aos encontros sociais reduziram de 65%, em Fevereiro de 2020, para 55%, em Agosto, de acordo com uma pesquisa feita em 19 países africanos pela Parceria para uma Resposta à COVID-19 Baseada em Evidências (PERC), um parceiro da União Africana.
“Ao fazer o equilíbrio entre movimentar a economia e arriscar muito em aliviar as restrições, a balança favorece manter a economia em movimento,” reportou a PERC nos resultados da sua pesquisa.
A pesquisa concluiu que sete dentre 10 pessoas afirmaram que tinham dificuldades financeiras e tinham dificuldades de sustentar as suas famílias por causa da pandemia.
“A perda de rendimentos e problemas de acesso a produtos alimentares foram graves em todos os Estados-membros e piorou de forma generalizada desde Agosto,” disse Nkengasong, no dia 1 de Abril.
Nkengasong e a Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da Organização Mundial de Saúde para África, continuam a enfatizar a necessidade do uso das máscaras, a lavagem das mãos e evitar aglomerados. Aquelas medidas receberam uma classificação de 73% de aprovação, de acordo com a pesquisa da PERC.
Contudo, depois de mais de um ano a viver com a COVID-19, as autoridades de saúde pública encontram-se a procurar encorajar os cidadãos que estão cansados de ter o vírus a limitar as suas vidas. Visto que as vacinações começaram a ser implementadas no continente, agora não é altura para desistir das medidas protectivas de saúde pública, disse Nkengasong.
“As pessoas ficam com a fatiga da pandemia e depois o vírus instala-se e transmite-se ainda mais,” disse Nkengasong. “Não cedam.”