O matemático queniano, Dr. Shem Otoi Sam, tornou-se o oráculo da COVID-19 no seu país. Com recurso a um modelo preditivo que ele desenvolveu, Sam encontrou uma forma de prever o aumento e a diminuição das vagas de infecções, fazendo com que ele seja uma espécie de meteorologista da pandemia na região ocidental do Quénia.
Sam, de 39 anos de idade, vai à rádio local para aconselhar os residentes sobre quando precisam de ser mais cautelosos, “avisando as pessoas, a polícia e o ensino público, que ‘teremos um pico. Não queremos perder ninguém,’” disse à ADF.
Sendo ele próprio um sobrevivente da COVID-19, Sam tem conhecimento de causa sobre como uma infecção pode ser tão intensa e quão importante é prevenir que outras pessoas contraiam a doença.
O modelo de Sam ajudou a estabelecer os fundamentos para o Sistema Integrado de Dados Online do Quénia. O sistema ajuda as autoridades sanitárias do Quénia a fazerem a monitoria da disponibilidade de recursos, tais como camas das unidades de cuidados intensivos e oxigénio de alto fluxo, para que os médicos possam saber para onde enviar os pacientes. Isso ajudou a região a reduzir os picos das vagas, disse Sam.
No início da pandemia, os cépticos afirmavam que a COVID-19 não afectaria África. Os resultados da primeira tentativa de Sam para efectuar a modelagem da pandemia confrontou directamente aquela informação falsa. “Quando o primeiro caso de Covid-19 foi descoberto no país, comecei a reflectir, comparando a taxa de infecção pela Covid-19, as taxas de mortes e de recuperações noutras regiões do mundo,” disse ao The Nation, do Quénia.
O seu trabalho demonstrou que o continente caminhava em direcção ao mesmo rumo que o resto do mundo no que diz respeito à COVID-19.
Para expandir as habilidades das suas previsões para as vagas da COVID-19, Sam adaptou um modelo matemático, conhecido como ARIMA, que significa modelo auto-regressivo integrado de médias móveis. A adaptação permitiu que ele expandisse a capacidade de previsão do ARIMA, de cerca de um mês para oito, fazendo com que fosse possível prever as vagas de infecção com muito mais antecedência. O objectivo era de ajudar as autoridades sanitárias a prepararem os hospitais e o pessoal de saúde para as futuras vagas.
As previsões ajudaram a reduzir, em termos gerais, o impacto da COVID-19 na parte ocidental do Quénia, disse Sam.
“Temos experimentado uma fraca intensidade do pico porque alertamos as pessoas com antecedência. Eles [os hospitais] preparam-se com antecedência. Por isso, não ficam sobrecarregados,” disse Sam. “Ao mesmo tempo, o meu modelo ajudou a salvar não apenas vidas, mas também os meios de subsistência.”