EQUIPA DA ADF
O Marrocos será o primeiro país africano a oferecer apoio militar à Ucrânia com a venda de tanques T-72.
Nos termos do acordo, os Estados Unidos e a Holanda irão adquirir 90 tanques de batalha principal T-72B do Marrocos, com uma opção de acrescentar 30 tanques a esta venda, em 2023, de acordo com o site de notícias nigeriano, moneycentral.com.ng.
Os tanques serão enviados para Ucrânia depois de terem sido modernizados pela empresa Excalibur Army, da Checoslováquia. Mais de 20 tanques deviam ser enviados até finais de Dezembro. O Marrocos também está a enviar peças sobressalentes de tanques para a Ucrânia.
A acção está a ser vista como uma mudança no posicionamento do Marrocos, que se absteve de uma votação das Nações Unidas para condenar a invasão russa em Março de 2022. Dos 54 países africanos representados na ONU, 28 votaram a favor da deliberação.
Chamando a venda de um “golpe distintivo” aos esforços de persuasão da Rússia em África, o The New Africa Channel disse que a “Rússia fez investimentos significativos em esforços para manter a neutralidade de África e, talvez, inclinar a sua afinidade em direcção ao Kremlin.” Estes incluem a abertura de cinco centros culturais conhecidos como “Casas da Rússia” e uma campanha de propaganda a nível do continente, o canal The New Africa Channel.
Os tanques modernizados pela Excalibur Army estão equipados com imagens térmicas, sistemas de visão nocturna e nova blindagem. Eles também se encontram munidos com uma blindagem reactiva a explosivos montadas à frente, nas laterais e no tecto.
A Ucrânia procura os tanques marroquinos e as peças sobressalentes para aumentar o seu fornecimento de tanques desde 2015.
Embora não esteja claro se mais países africanos irão apoiar a Ucrânia, numa altura em que procura defender-se dos ataques da Rússia, aquele país tentou ganhar apoio no continente.
Em finais de Dezembro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que novas embaixadas serão abertas em África, no início de 2023. Espera-se que a primeira seja aberta no Gana.
“Estamos a reiniciar as relações com dezenas de países africanos,” disse Zelensky numa reportagem do serviço de notícias alemão, Deutsche Welle. “No próximo ano devemos fortalecer isso. Dez Estados já foram identificados, onde novas embaixadas ucranianas em África serão abertas.”
Em Outubro, o ministro dos negócios estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, visitou Costa do Marfim, Gana, Quénia e Senegal num esforço para aprofundar os laços diplomáticos. Tratou-se da primeira viagem diplomática do governo ucraniano para o continente depois de décadas.
Numa conferência de imprensa virtual, Kuleba acusou a Rússia de provocar uma crise global que causou insuficiência alimentar em todo o continente.
“Cada míssil da Rússia não está apenas a atingir os ucranianos, também prejudica a qualidade de vida dos africanos,” disse Kuleba. Ele também observou que a Ucrânia tinha enviado 830.000 toneladas de cereais para África desde Julho.
Embora a viagem de Kuleba tenha sido interrompida por ataques pesados de mísseis da Rússia contra alvos civis na Ucrânia, os observadores acreditam que a visita ajudou a criar solidariedade com os governos africanos e a combater alguma propaganda da Rússia. Kuleba tem planos para visitar Etiópia, Quénia, Nigéria e Tanzânia no primeiro trimestre de 2023.
“Devemos fortalecer a nossa cooperação,” disse Kuleba durante uma visita com a ministra dos negócios estrangeiros senegalesa, Aïssata Tall Sall. “O nosso futuro depende das relações que criamos e daquilo que acontece diariamente.”