EQUIPA DA ADF
No início de Setembro, a Marinha do Gana colocou seis navios em funcionamento, numa altura em que enfrenta múltiplos desafios em matéria de segurança marítima.
O governo dos Estados Unidos doou quatro dos navios. Isso inclui dois navios-patrulha da classe Marine Protector de 27 metros, que são antigos navios da Guarda Costeira dos EUA, e dois barcos-patrulha da classe Defender de 12 metros.
Os navios foram postos em funcionamento durante uma cerimónia na Base Naval de Sekondi, que contou com a presença do Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, de líderes da defesa ganesa e de membros das Forças Armadas do Gana (GAF).
“Estou ciente da enorme responsabilidade da Marinha em garantir que os espaços marítimos do Gana estão seguros e protegidos,” disse Akufo-Addo numa cerimónia de entrada em funcionamento. “É por isso que estamos a tomar medidas para reequipar a Marinha do Gana.” Os navios destinam-se a ajudar a travar as ameaças convergentes da pirataria e da pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN) no Gana e no Golfo da Guiné, numa altura em que a África Ocidental emerge como o foco mundial da pesca ilegal.
O problema da pesca INN é grave no Gana, onde as unidades populacionais de pequenos peixes pelágicos, como a sardinela, diminuíram 80% nas últimas duas décadas, segundo a Fundação para a Justiça Ambiental. Uma das espécies, a sardinela aurita, encontra-se em colapso total, o que significa que as unidades populacionais de peixe estão em declínio acentuado.
Mais de 100.000 pescadores e 11.000 canoas operam no país, mas o rendimento médio anual caiu cerca de 40% por canoa artesanal nos últimos 15 anos, segundo a fundação. As reservas de peixe dizimadas fazem disparar os preços e provocam insegurança alimentar.
O governo dos EUA prometeu 24 milhões de dólares ao longo de cinco anos para ajudar o Ministério das Pescas e Aquacultura do Gana a instalar sistemas de monitorização electrónica nos arrastões autorizados a pescar no Gana. O dinheiro também ajudará o ministério a designar Áreas Marinhas Protegidas para restringir a pesca e proteger os ecossistemas e a vida marinha.
“A defesa das nossas águas é importante não só para nós, mas também para os nossos parceiros,” disse o Ministro da Defesa do Gana, Dominic Nitiwul, na cerimónia de entrada em funcionamento. “A segurança, a saúde e a riqueza dos oceanos estão interligadas e são transnacionais. Por conseguinte, é agradável ver que os nossos parceiros estão muito interessados no nosso sector de segurança, através do reforço das capacidades e da modernização do equipamento.”
A pirataria voltou a ser uma ameaça na África Ocidental após anos de declínio dos ataques. Registaram-se 81 incidentes de pirataria na região em 2020, 34 em 2021 e apenas três no ano passado. As autoridades registaram cinco incidentes no primeiro trimestre deste ano e nove no segundo trimestre, de acordo com o Gabinete Marítimo Internacional da Câmara de Comércio Internacional.
No final de Junho, membros de um cargueiro ancorado em Takoradi, no Gana, informaram que três piratas tinham abordado o seu navio. A tripulação fez soar um alarme que assustou os piratas, mas não antes de estes terem roubado bens do navio, segundo um relatório do The Maritime Executive.
“Águas seguras são fundamentais para a prosperidade do Gana,” afirmou a Embaixadora dos EUA, Virginia Palmer, durante a cerimónia de entrada em funcionamento. “Estes navios ajudarão a impedir que piratas, traficantes e outros criminosos utilizem o mar para as suas actividades ilegais, tornando o Gana e a região não só mais seguros como também mais prósperos.
Os outros navios encomendados em Setembro incluem um navio de combate a derrames de petróleo para a Autoridade Marítima do Gana e uma embarcação de desembarque fabricada localmente.
O Ministro dos Transportes do Gana, Kwaku Ofori Asiamah, afirmou que a entrada em funcionamento do navio de resposta a derrames de petróleo — baptizado com o nome da empresária ganesa pioneira Esther Afua Ocloo — foi um marco significativo, uma vez que irá impulsionar os esforços para criar um ecossistema marítimo vibrante e seguro, danificado por décadas de pesca predatória, e reforçar a economia azul.
O navio dispõe de um sistema moderno de recuperação de derrames de petróleo, de um sistema de dispersão de petróleo por pulverização capaz de lidar com derrames num porto e ao largo e de dois drones utilizados para identificar actividades e derrames de petróleo nas águas do Gana.