EQUIPA DA ADF
Debaixo do seu chapéu firme, um brilho suave de transpiração apareceu na testa de Beatrice Razafimaitso enquanto instalava um painel solar num tecto metálico quente.
Trabalhar debaixo do sol de Madagáscar é duro, mas é difícil tirar o sorriso da cara dela nestes dias.
Era difícil encontrar um emprego no ano passado quando a pandemia eclodiu. O que ela encontrou — um programa financiado pelos EUA que a formou para construir e operar pequenas redes de energia solar — foi algo que mudou a sua vida.
“Eu queria ser independente,” disse a mulher de 31 anos de idade à ADF. “Também queria aprender novas habilidades e praticá-las para o desenvolvimento da minha região.”
No país de Razafimaitso, de mais de 27 milhões de habitantes, apenas 6,5% dos agregados familiares rurais têm acesso à corrente eléctrica. Esse número reduz para abaixo de 5% no nordeste de Madagáscar, onde ela trabalha.
Ela é um dos 13 membros da comunidade que foram formados como empreendedores da área de energia solar, pela Nanoé, uma empresa franco-malgaxe, de carácter social, que recebeu uma subvenção no valor de 240.000 dólares da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), em Outubro de 2020, para electrificar 35 centros de saúde das zonas rurais que servem a 140.000 pessoas.
“Estamos muito emocionados com o impacto que esta subvenção da USAID/Power Africa irá ter na comunidade local,” co-fundador da Nanoé, Nicolas Saincy, disse num comunicado de imprensa. “Como uma empresa de carácter social, causar um impacto é o primeiro objectivo, acima dos nossos lucros.”
A embaixada dos EUA comunicou, no dia 26 de Março, que 10 dos 35 centros de saúde agora possuem sistemas solares instalados, melhorando drasticamente os serviços de prestação de cuidados de saúde básicos e ajudando a combater a COVID-19.
“Quando as comunidades rurais não têm acesso à corrente eléctrica, existem consequências graves em termos de desenvolvimento e de resultados para a saúde,” Director da Missão da USAID, John Dunlop, disse em comunicado de imprensa. “A energia é extremamente importante para alimentar dispositivos médicos essenciais, incluindo equipamento de esterilização e de diagnósticos, armazenamento a frio das vacinas e dos medicamentos, tecnologia de informação e luzes para que os médicos possam prestar cuidados urgentes a qualquer altura do dia ou da noite.”
O projecto faz parte de uma iniciativa avaliada em 2,6 milhões de dólares que se chama Power Africa Off-Grid, que está a trabalhar para electrificar 300 postos de saúde, em nove países de toda a África Subsaariana.
Em Madagáscar, as subvenções fazem parte de um plano do governo dos EUA, avaliado em 3 milhões de dólares, para aumentar a produção de energia e o acesso à corrente eléctrica. Desde 2018, esta iniciativa já ajudou mais de 57.000 pessoas a ganharem o acesso à corrente eléctrica. A meta para 2022 é de fornecer corrente eléctrica a mais de 400.000 pessoas.
A meta da Power Africa, uma iniciativa do governo dos EUA, coordenada pela USAID, é de duplicar o acesso à corrente eléctrica na África Subsaariana, até 2030.
No ano transacto, em Madagáscar, a USAID e a Power Africa dividiram uma subvenção no valor de 1,2 milhões de dólares entre três empresas malgaxes para desenvolverem pequenas redes que estão a trazer electricidade para mais de 5.200 casas e empresas das zonas rurais.
Subvenções como estas trazem iluminação para zonas que anteriormente não tinham fornecimento ou tinham um fornecimento insuficiente. Elas também trazem iluminação para pessoas como Razafimaitso.
“Eu sou financeiramente independente,” disse ela, reflectindo com um sorriso. “Eu tenho uma sensação de liberdade porque posso tomar as minhas próprias decisões. Estou orgulhosa de ter ganhado habilidades técnicas em matérias de energia solar, que são necessárias e raras nesta região, especialmente entre as mulheres.”