EQUIPA DA ADF
Os dias de estirpes únicas da COVID-19 que circulam no planeta parecem chegar ao fim. O futuro, de acordo com os investigadores, pode ver muitas versões diferentes do vírus a surgirem em diferentes partes do mundo ao mesmo tempo.
Isso já está a acontecer com a variante Ómicron. Desde que foi identificada em Novembro de 2021, passou os últimos 12 meses a criar mais de 300 subvariantes, da BA.2 para BA.5, BQ.1 e outras.
Muitas variantes da Ómicron são capazes de evitar a imunidade ou transmitirem-se rapidamente. Contudo, nenhuma dessas subvariantes teve domínio a nível mundial. Pelo contrário, elas parecem estar a ganhar espaço regional por meio de subvariantes.
“Enquanto olhamos para uma vasta diversidade genética de subvariantes da Ómicron, elas actualmente apresentam resultados clínicos semelhantes, mas com diferenças no potencial de escape imunológico,” comunicou uma equipa de investigadores da Organização Mundial de Saúde.
Ryan Gregory, um biólogo evolucionista da Universidade de Guelph, Canadá, disse que os especialistas de saúde pública agora estão a estudar famílias de subvariantes em vez de uma de cada vez.
“Agora é uma ecologia,” disse Gregory à revista Fortune. “Antes era ‘Quantos coelhos e quantos lobos?’ Agora, trata-se de um ecossistema inteiro.”
No seu estudo recente, a OMS examinou as subvariantes XBB da Ómicron, que é um produto de duas estirpes da BA.2 e BQ.1, que surgiu da BA.5 e que actualmente se encontra a criar as suas próprias subvariantes.
A XBB apareceu em 35 países no mundo inteiro e a BQ.1 apareceu em 65 países, de acordo com a OMS. Ainda estão a surgir dados sobre a sua gravidade e transmissibilidade, mas os investigadores acreditam que as mutações que apresentam provavelmente venham a ajudá-las a propagar-se com mais facilidade do que as suas predecessoras.
“É provável que estas mutações adicionais tenham conferido uma vantagem de escape imunológico sobre outras subvariantes da Ómicron em circulação e, por conseguinte, um maior risco de reinfecção é uma possibilidade que precisa de mais investigação,” escreveram os investigadores da OMS.
As estirpes da COVID-19 que agora se propagam pelo mundo são menos mortais do que as variantes do início da pandemia. As mortes reduziram em 90% desde o pico da pandemia, mas a OMS ainda recebe relatórios de cerca de 9.000 mortes por semana, de acordo com a Dra. Maria van Kerkhove, a Técnica-Chefe da organização para a COVID-19.
“Ainda são demasiados 9.000 por semana,” disse van Kerkhove, durante uma recente conferência de imprensa. “O vírus está prontamente a propagar-se pelo mundo.”
Cada nova infecção representa uma nova possibilidade de uma nova subvariante. Uma redução na vigilância dificulta que a OMS faça o rastreio de variantes e subvariantes para responder aos surtos, acrescentou.
Por causa da alta transmissibilidade dos subprodutos da Ómicron, os especialistas em saúde continuam a recomendar o uso de máscaras em espaços confinados e nos centros de saúde, para além da melhoria da ventilação dos lugares fechados.
“As máscaras continuam a ser de extrema importância em lugares fechados,” disse van Kerkhove.