EQUIPA DA ADF
Numa altura em que o Quénia luta contra a pandemia da COVID-19, o oxigénio médico tornou-se crucial para salvar vidas. O Dr. Bernard Olayo espera poder garantir que este esteja disponível para todos os que precisarem dele.
Olayo é o fundador da Hewatele, uma empresa queniana que produz oxigénio para os hospitais do país. Hewatele significa “ar abundante,” em Swahili.
Olayo fundou a empresa em 2014, muito antes da pandemia da COVID-19, para abordar as necessidades de oxigénio com vista a ajudar os doentes que lutam contra a pneumonia e contra outros problemas respiratórios.
Com o aumento da COVID-19, a missão da Hewatele tornou-se mais importante para a sobrevivência dos pacientes.
“A maior parte dos doentes com COVID, quando lhes é dado oxigénio cedo o suficiente, impede-se que progridam para um estágio mais grave em que precisam de ventilação,” disse Olayo numa entrevista com a Gates Notes, um projecto que está sob a gestão do filantropo Bill Gates.
O Quénia registou mais de 5.100 mortes entre mais de 250.000 casos de COVID-19, e os profissionais de saúde tiveram dificuldades de poder continuar a suprir as necessidades de oxigénio dos seus pacientes. Enquanto as infecções da terceira vaga atingiam o país em Março, a demanda por oxigénio médico aumentou para mais do que o dobro, para aproximadamente 900 toneladas por mês das 410 toneladas por mês em 2020.
Antes da pandemia, Hewatele operava a cerca de 70% da sua capacidade. Quando a COVID-19 foi aumentando cada vez mais no Quénia, o governo pediu que a empresa aumentasse as suas operações. Hewatele aumentou o seu pessoal e começou a produzir oxigénio 24 horas por dia.
A empresa mudou a forma como o oxigénio é produzido no Quénia. Olayo descreve o sistema como sendo o “modelo do leiteiro.”
Em vez de uma única instalação a produzir oxigénio que deve ser enviado a grandes distâncias com grandes despesas, Hewatele criou um sistema de instalações ligadas aos principais hospitais que pode fornecer oxigénio a pequenos centros de saúde mais próximos.
O plano é de aumentar os fornecimentos, encurtar o tempo de entrega e baixar o preço do oxigénio, que pode ser 10 vezes mais caro no Quénia do que no Reino Unido e 13 vezes mais do que nos Estados Unidos.
Olayo originalmente experimentou com a instalação de pequenas unidades de produção em 14 hospitais. As unidades fracassaram depois de menos de dois anos, porque os hospitais não tinham pessoal para fazer a sua manutenção.
O modelo do leiteiro evita esse problema, de acordo com Olayo.
“Com cilindros adequados, uma unidade em bom estado e um ou dois camiões de distribuição, é possível fornecer oxigénio a todos os centros hospitalares que estiverem num raio de 100 quilómetros,” disse Olayo à Bloomberg.
Hewatele opera três instalações de produção de oxigénio e tem planos de acrescentar mais três. A empresa serve a cerca de 250 instalações médicas e possui cerca de 10% do mercado de oxigénio médico do Quénia.
Olayo está a tentar angariar 13,5 milhões de dólares para aumentar as suas operações, acrescentar uma instalação de produção de oxigénio líquido até 2023 e começar a enviar oxigénio para Tanzânia e Uganda.
Olayo conhece a dor de observar doentes sofrerem e morrerem porque não podem ter algo tão simples como o oxigénio. Como médico, por vezes, ele não tinha oxigénio suficiente para fazer cirurgias.
“Isso deixa o coração ferido, porque se tem de decidir quem vai poder viver e quem não vai poder viver,” disse Olayo. “O objectivo é que nenhum profissional de saúde jamais tenha de tomar a decisão dolorosa que eu tive de tomar entre quem irá viver e quem irá morrer.”