Um membro das Forças Armadas da Líbia olhou para o vasto deserto de Ben Ghilouf, na Tunísia, e viu um helicóptero militar a destruir um alvo terrestre. Enquanto o fumo se espalhava, confirmou a destruição do alvo através de um grande rádio e observou o helicóptero a afastar-se.Aquele membro das LAF foi um dos 8.000 participantes de 27 países e contingentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte que participaram no 20.º exercício militar anual Leão Africano liderado pela Força-Tarefa do Exército dos EUA para o Sul da Europa e África (SETAF-AF, na sigla inglesa).As forças participaram em exercícios no Gana, Marrocos, Senegal e Tunísia entre 20 de Abril e 31 de Maio. O Leão Africano tem por objectivo reforçar as capacidades de defesa e promover a interoperabilidade entre as nações participantes.
Em Dodji, no Senegal, os exercícios incluíram tácticas de infantaria combinadas e um intercâmbio médico liderado pela Reserva das Forças de Fuzileiros Navais dos EUA. O exercício também proporcionou às comunidades locais a oportunidade de interagir com as forças visitantes para ajudar a reforçar as relações civis-militares.
“O exercício foi um sucesso retumbante,” disse o Coronel Theodore Adrien, das Forças Armadas do Senegal (SAF). “Melhorámos a interoperabilidade e cimentámos o nosso papel como líderes de importância estratégica na região.”
Também no Senegal, o Exército Real dos Países Baixos e as SAF concluíram o treino de intercâmbio de salva-vidas de combate liderado pela Comandante da Marinha dos EUA, Evelyn Palm, natural do Gana.
“Estas sessões, conduzidas pela Comandante Palm são cruciais,” disse o Sargento Serigne Kosso Samb, um bombeiro das SAF, num relatório da SETAF. “As técnicas e ferramentas eram claras, convenientes e relevantes para ajudar a cuidar de vítimas sob fogo.”
Outros exercícios de formação conjunta centraram-se em operações hospitalares no terreno, evacuações médicas e assistência humanitária. Ao longo do exercício, foi sublinhada a importância de uma abordagem de todo o governo para resolver as causas profundas da instabilidade, em vez de se concentrar apenas no poder militar.
O Tenente Roland Nettey, oficial de relações públicas das Forças Armadas do Gana, disse que participou num curso de operações civis-militares, semelhante ao exercício havido no Senegal.
“Aprendemos a ir até às bases, aos habitantes locais, para saber quais são as suas necessidades e como podemos ir ao seu encontro enquanto militares,” Nettey disse à SETAF-AF. “Acreditamos que quando se envolvem os habitantes locais, fica-se a saber exactamente o que eles precisam e aprende-se mais sobre a demografia dos habitantes locais. … Este exercício tem sido útil, ajuda-nos a comunicar com as [forças militares] internacionais e a reforçar os laços bilaterais com os nossos homólogos dos Estados Unidos, em especial.”
Durante o exercício, as tropas ganesas e norte-americanas participaram num programa de acção cívica médica em Damongo, na região de Savannah, onde ofereceram serviços médicos aos habitantes locais.
O Major das Forças Armadas do Gana, Senyo Dzamefe, comandante de unidade, participou no Leão Africano do ano passado e disse que a formação deste ano também ofereceu novas perspectivas sobre as operações de planeamento militar.
“Este ano, estamos a ver a interoperabilidade entre o Exército e as Forças Especiais a funcionar bem,” Dzamefe disse à SETAF. “Nós dizemos [aos líderes do exercício] o que estamos a tentar fazer e eles dizem a sua opinião sobre o assunto.”
Na região de Tan-Tan, no sudoeste de Marrocos, tanques Abrams e soldados armados em carrinhas percorreram o deserto numa série de exercícios de manobras. Os generais dos EUA e de Marrocos também assistiram a demonstrações de bombardeamento com fogo real e celebraram o 20.º aniversário do Leão Africano.
“Este exercício tem crescido ao longo dos anos desde 2004,” o General Michael Langley, chefe do Comando dos EUA para África, disse à The Associated Press. “Não só [aumentou] o número de soldados multinacionais com quem treinamos, mas também o âmbito da formação, que se alargou a mais do que apenas a segurança.”