EQUIPA DA ADF
Participantes de 14 países africanos concluíram o Nível 2 do Curso de Formação de Inspectores de Pesca, do Instituto Internacional de Gestão de Segurança (ISMI) , na Costa do Marfim, em Março.
O curso que teve a duração de quatro dias, em Abidjan, ofereceu formação técnica de segundo nível de um currículo profissional para inspectores de pescas. Financiado pela França, o curso foi ministrado por especialistas da Costa do Marfim e da Agência Europeia de Controlo das Pescas, de acordo com uma publicação online de notícias, ModernGana. O ISMI ofereceu o curso de Nível 1 em 2021.
O principal objectivo era de formar inspectores de pescas para abordarem de forma mais eficaz a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN) no Golfo da Guiné, onde os especialistas afirmam que 60% de todo o peixe é pescado de forma ilegal.
Guillaume Turquet de Beauregard, coordenador regional da State Action at Sea, da França, uma organização administrativa e operacional, enfatizou que a natureza complicada e transnacional dos crimes marítimos exige uma cooperação entre organismos regionais, incluindo partilha de informação, operações conjuntas e outra participação em outros exercícios de treinos marítimos regionais.
“É por isso que este seminário é particularmente importante e deve ser tratado com a maior seriedade,” disse Turquet de Beauregard no artigo do ModernGana. “A pesca INN é um factor fundamental que contribui para o fortalecimento da insegurança marítima na região. A formação e o reforço das competências dos inspectores das pescas não é um luxo, mas uma necessidade que parece ser mais urgente a cada dia. É este tipo de iniciativas que deve ser encorajado a todo o custo. O ISMI está a procurar no seu nível modesto mudar o curso das coisas.”
A China lidera a maior frota de pesca em águas longínquas do mundo e tem como alvo a África Ocidental há décadas — com resultados devastadores para a região. A pesca ilegal lesa África Ocidental em cerca de 1,95 bilhões de dólares em toda a cadeia de valores pesqueiros e 593 milhões de dólares por ano em rendimento dos agregados familiares. A pesca INN também já esteve ligada à pirataria, ao tráfico de órgãos humanos e de drogas, bem como ao contrabando de armas e à rápida diminuição das unidades populacionais de peixe da região, causando insegurança alimentar.
De acordo com Índice de Pesca INN, a China é o pior infractor de pesca INN do mundo. A presença de arrastões estrangeiros também obriga aos pescadores artesanais locais a irem mais distante no mar e, muitas vezes, voltando com pouco ou nenhum peixe. As autoridades são prejudicadas pela falta de embarcações de patrulha para fazer a monitoria da linha da costa combinada do Golfo da Guiné, de mais de 6.000 quilómetros.
Um dos principais desafios para os inspectores das pescas da região é a barreira linguística quando interagem com uma tripulação de embarcações estrangeiras. Em 2021, a Trygg Mat Tracking, uma empresa de análise de inteligência de pescas, e Stop Ilegal Fishing, um grupo independente sem fins lucrativos baseado em África, desenvolveram um guia de conversação impermeável para os inspectores das pescas poderem usar durante as inspecções das embarcações.
O livro, que possui expressões fundamentais em sete línguas, foi distribuído aos membros da Força-Tarefa da África Ocidental, do Comité das Pescas do Centro-Oeste do Golfo da Guiné (FCWC).
“Este guia de conversação junta-se aos recursos desenvolvidos para ajudar os oficiais a realizarem inspecções de embarcações no mar e no porto,” Per Erik Bergh, coordenador da Stop Illegal Fishing, disse na página da internet do FCWC. “As inspecções de embarcações fornecem um ponto de controlo crucial, certificando que as comunicações sejam claras e que não haja falta de entendimento de que a informação solicitada é crucial. Esperamos que o guia de conversação seja uma ferramenta útil para a região do FCWC e para outras regiões.”