EQUIPA DA ADF
Confrontando uma crescente taxa de casos de COVID-19, os líderes etíopes abriram um novo hospital de campanha na capital do país em Setembro para tratar dos casos mais graves.
O Hospital de Campanha de Adis Abeba para o Tratamento de COVID-19 está equipado para servir 200 doentes. Foi construído com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Programa Mundial de Alimentação (PMA). O Hospital Especializado de St. Paul, que é também onde se encontra o Colégio Médico Millennium do Hospital de St. Paul, é o responsável por gerir as instalações.
O Primeiro-Ministro, Abiy Ahmed, cortou a fita das novas instalações localizadas na zona de Bole Bulbula na cidade. Os pacientes foram trazidos para receberem tratamentos quase que imediatamente.
A Ministra da Saúde, Lia Tadesse, disse que o hospital está preparado para satisfazer as necessidades dos doentes mais graves de COVID-19 do país.
“Irá fornecer tratamento para doentes com sintomas graves e está equipado com o equipamento médico necessário, melhorando a nossa capacidade,” disse a ministra na cerimónia de abertura. Ela acrescentou, no Twitter, que as instalações irão formar equipas de emergência médica para o benefício da Etiópia e da região.
As Nações Unidas originalmente tinham planeado utilizar o hospital para o tratamento dos seus próprios funcionários que estão em serviço na África Oriental. Mas à medida que os casos de COVID-19 da Etiópia começaram a subir, as Nações Unidas entregaram o hospital ao Ministério da Saúde para fazer o uso.
Em meados de Setembro, o UNICEF forneceu ao hospital de campanha 100 dos 380 concentradores de oxigénio doados à Etiópia com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional e do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Commonwealth do Reino Unido. Os concentradores são componentes-chave para o tratamento de doentes de COVID-19 que têm dificuldades de respirar uma vez que a doença danifica os seus pulmões.
Desde o dia 22 de Setembro, a Etiópia tinha reportado mais de 70.400 casos de COVID-19 e 1.127 mortes, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. O número de casos a nível nacional teve um forte crescimento em Agosto e agora gira em torno de 1.000 casos por dia.
O PMA trouxe o hospital de campanha da Noruega para apoiar as operações da OMS na Etiópia. O PMA ergueu o hospital e doou-o ao governo da Etiópia, disse o porta-voz do PMA, Peter Smerdon.
Smerdon disse que as capacidades logísticas do PMA — a sua habilidade de transportar grandes quantidades de alimentos e outros itens necessários em todo o mundo, num curto espaço de tempo — fazem com que ele seja um parceiro da OMS na luta contra surtos de doenças. O PMA também fez parte da resposta internacional ao surto do Ébola na África Oriental, em 2014, ajudando a montar clínicas e centros de tratamento em países afectados pelo surto.
“Para além disso, como parte da resposta à COVID-19, o PMA forneceu serviços de logística para efectuar a entrega de equipamento de protecção individual e suprimentos de medicamentos para parceiros assim como fornecimento de voos de passageiros para pessoal de grupos de ajuda humanitária da linha da frente, onde a falta de serviços aéreos comerciais significaria que não existiria qualquer outra saída para poderem alcançar países afectados pela COVID-19 que precisavam de ajuda,” disse Smerdon.
Os hospitais de campanha tornaram-se uma válvula de escape em toda a África à medida que as infecções pela COVID-19 ameaçam sobrecarregar os já fragilizados sistemas de saúde. Esses hospitais retiram os doentes da COVID-19 do tráfico dos hospitais normais, reduzindo o risco para outros doentes e permitindo que o pessoal de saúde se concentre no tratamento de doentes com o vírus. Embora os hospitais de campanha sejam temporários, eles muitas vezes são equipados com a mesma qualidade de cuidados e tecnologia que uma unidade de cuidados intensivos.
Desde o começo da pandemia, no início deste ano, hospitais de campanha como o que está em Adis Abeba aumentaram no Gana, Senegal e em outros lugares para servirem aos doentes de COVID-19.
O governo da província de Western Cape, na África do Sul, abriu, em Junho, o Hospital da Esperança, o maior hospital de campanha de África, num bairro chamado Khayelistha, próximo da Cidade do Cabo, para cuidar de doentes numa das partes mais atingidas do país.
O hospital de 850 camas foi desenvolvido e equipado com a ajuda da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e construído no Centro Internacional de Conferências da Cidade do Cabo. O hospital abriu no dia 1 de Junho e estava ocupado quase até à metade no dia seguinte, de acordo com a MSF.
“Estamos aqui para ajudar a lidar com uma emergência humanitária de grande envergadura,” disse uma gestora de promoção de saúde da MSF, em Khayelitsha, Nompumelelo Zokufa, numa declaração da MSF. “Mas nós não falamos apenas sobre a COVID-19. Trabalhamos para fornecer tratamento para COVID enquanto mantemos os nossos serviços disponíveis para pessoas com duas das doenças crónicas mais prevalecentes, o HIV e a TB.”