EQUIPA DA ADF
A Comunidade da África Oriental está a avançar com planos para criar uma força militar regional a ser enviada para a conturbada região leste da República Democrática do Congo (RDC).
A RDC juntou-se oficialmente à Comunidade da África Oriental (CAO) como o sétimo Estado parceiro do bloco regional, no dia 29 de Março. Os outros Estados-membros são Burundi, Quénia, Ruanda, Tanzânia e Uganda.
Menos de um mês depois, a CAO votou pela criação de uma força militar regional para lidar com o problema abrangente de grupos armados que têm assolado a RDC há décadas. Quénia e Uganda já possuem tropas que lutam contra rebeldes na região leste da RDC. O Ruanda queria enviar tropas em 2021, mas os políticos da RDC rejeitaram a proposta. No novo acordo da CAO, os soldados ruandeses farão parte das forças regionais.
Numa reunião do dia 6 de Junho, em Goma, os chefes das forças de defesa regionais discutiram a estrutura da força e a importância da missão.
“A segurança e estabilidade da região leste da RDC é de vital importância para a prosperidade regional, uma vez que irá fornecer um ambiente conducente sobre o qual todos os outros aspectos da integração regional poderão subsistir,” disse o General Robert Kibochi, chefe das Forças de Defesa do Quénia (KDF). “Devemos, por conseguinte, colectivamente como região apoiar os esforços para lidar com os desafios de segurança e restaurar a paz e estabilidade na região leste da RDC para permitir que o nosso povo explore o máximo potencial oferecido pela integração regional.”
O grupo de militantes rebeldes do Movimento de 23 de Março, conhecido como M23, recentemente lançou a sua maior ofensiva numa década, na região leste da RDC. Dezenas de milhares de civis fugiram com o reaparecimento da violência. O grupo lançou sua a última grande rebelião do leste da RDC em 2012, antes da sua derrota meses depois.
Os recentes ataques do M23 tiveram como alvo as Forças Armadas da RDC assim como os membros da MONUSCO, a missão de manutenção da paz das Nações Unidas na RDC.
A RDC precisa da ajuda da CAO. Embora se estime que o orçamento militar anual de 570 milhões de dólares seja comparável a alguns dos outros países da região, os soldados da RDC encontram-se mal equipados. As armas da RDC são, na sua maioria, de uma mistura de armas de segunda mão da Rússia e da era soviética, adquiridas entre os anos 1970 e 2000. Nestes últimos anos, o país que agora se encontra em guerra, Ucrânia, tem sido o maior fornecedor de armas para a RDC.
No dia 7 de Junho, os chefes das forças de defesa dos Estados-membros da CAO concordaram na necessidade “urgente” de enviar uma força regional para ajudar a acabar com a violência no leste da RDC.
As autoridades reconheceram que uma pressão militar não será suficiente para trazer a paz para a região. A RDC terá de continuar a negociar com os rebeldes, de acordo com um funcionário da ONU.
As autoridades afirmaram que é o melhor interesse da região ajudar a restaurar a estabilidade àquele país enclausurado. A RDC faz fronteira com nove países — o maior número do continente. Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, havida no fim de Maio, um representante do Quénia afirmou que o destino da RDC iria, de muitas formas, determinar o destino de toda a região.
Apesar de juntar-se ao grupo intergovernamental regional, a RDC mantém relações instáveis com o seu vizinho, Ruanda. As relações entre a RDC e o Ruanda têm sido difíceis desde que os Hutus, acusados de assassinar os Tutsis, durante o genocídio de 1994, em Ruanda, chegaram em massa na região leste da RDC. Recentemente, no dia 5 de Junho, o Presidente da RDC, Felix Tshisekedi, afirmou que estava certo de que o Ruanda estava a apoiar os rebeldes do M23.
As autoridades ruandesas rejeitaram categoricamente as alegações da RDC, afirmando que os rebeldes não são ruandeses, mas congoleses cujas insatisfações devem ser resolvidas pela RDC.