No âmbito da luta contra o tráfico de droga, a pirataria e a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN) no Golfo da Guiné, 19 países da África Ocidental juntaram-se ao Grand African Navy Exercise for Maritime Operations (NEMO) 2023, um evento anual de segurança marítima liderado pela Marinha Francesa.
A Marinha Nigeriana ajudou a Marinha Francesa a coordenar o exercício que contou com 27 países, incluindo 18 no Golfo da Guiné. O evento de seis dias incluiu 34 navios e sete aeronaves que participaram em 60 cenários marítimos e aéreos.
“É uma iniciativa que reúne países de toda a região e não só, para trabalharem em conjunto, partilharem conhecimentos e competências e reforçarem a segurança marítima nesta zona estratégica,” o Capitão Maxime Fernand Ahoyo, prefeito marítimo do Benin, disse ao blogue MariTimesCrimes.
O Contra-Almirante da Marinha Nigeriana Muhammed Abdullahi destacou o Crocodile Lift, uma operação de transporte marítimo liderada pela França que transporta pessoal e equipamento militar, como um exercício que promove a cooperação entre as marinhas internacionais. O exercício foi realizado em Lagos.
“A Marinha Nigeriana tem a capacidade de realizar o transporte marítimo, porque o NNS KADA tem todas as componentes para realizar este exercício de forma independente,” disse Abdullahi numa reportagem do site nigeriano newsdiaryonline.com. “No entanto, a colaboração com os nossos parceiros estrangeiros destina-se a garantir a segurança do nosso ambiente marítimo, em especial no Golfo da Guiné, e a trocar ideias.”
A colaboração e a partilha de informações entre os centros operacionais marítimos nacionais, os centros de coordenação marítima e os centros regionais de segurança marítima são características distintivas do evento.
Muitos exercícios eram complexos. As Forças Armadas do Gana efectuaram um exercício de simulação de um acidente aéreo no mar, enquanto os membros da Compagnie Fusilier de Marin Commando do Senegal aperfeiçoaram as técnicas de abordagem e salvamento de navios, frequentemente utilizadas no combate à pesca INN, à pirataria e ao tráfico de droga.
Todos estes são desafios críticos que as marinhas regionais e as guardas costeiras têm vindo a combater há anos, com diferentes graus de sucesso.
Após anos de declínio de ataques piratas — 81 em 2020, 34 em 2021 e apenas três em 2022 — a ameaça está a aumentar na África Ocidental, onde foram registados cinco ataques no primeiro trimestre deste ano e nove no segundo trimestre, de acordo com o Gabinete Marítimo Internacional.
A pesca ilegal custa à região cerca de 10 bilhões de dólares por ano, de acordo com um relatório de Setembro do Centro Stimson, um grupo de reflexão.
Desde o início da década de 2000, a região também se tornou um importante ponto de trânsito para a cocaína e outras drogas provenientes da América do Sul com destino à Europa. As drogas são normalmente traficadas para grandes cidades portuárias, como Lagos, na Nigéria.
“Perante estes desafios, uma resposta eficaz só pode resultar de uma cooperação estreita e coordenada entre todos os Estados,” o Coronel Abdoul-Baki Sanni Bachabi, director do gabinete do Ministro da Defesa Nacional do Benin, disse ao MariTimesCrimes.
Abdullahi referiu que o roubo de petróleo bruto, o abastecimento ilegal de petróleo, os roubos no mar e a tomada de reféns também afectam o Golfo da Guiné.
“Combater e prevenir estes crimes não é algo de que ninguém tenha o monopólio,” disse Abdullahi ao newsdiaryonline.com. “A pirataria pode apresentar-se sob diferentes formas e, quando nos confrontamos com esse tipo de desafio, utilizamos diferentes tácticas. As tácticas que podem funcionar para um cenário podem ser diferentes das utilizadas para um outro cenário.”
Os exercícios sublinham o empenhamento das nações da África Ocidental no Protocolo de Yaoundé, um acordo destinado a travar as actividades ilícitas no Golfo da Guiné. A Marinha Francesa tem ajudado a liderar o Grand African NEMO desde que o protocolo foi assinado em 2013.
“O coração da nossa missão é a segurança marítima no Golfo da Guiné, onde a França tem interesses e parceiros fortes, incluindo a Nigéria,” o Capitão Olivier Roussille, da Marinha Francesa, disse numa reportagem do africanews.com.