EQUIPA DA ADF
Mais de 20 países concluíram recentemente o Exercício Grand African da Marinha para Operações Marítimas (NEMO) 2022, um evento anual dirigido pela marinha francesa.
A primeira fase centrou-se em habilidades no mar, como abordagem de embarcações para o combate à pesca ilegal, pirataria, tráfico de drogas, poluição e realização de salvamentos no mar. A segunda fase centrou-se na colaboração e partilha de informação entre os centros operacionais marítimos nacionais, centros de coordenação marítima e os centros de segurança marítima regional.
“O exercício foi organizado no quadro do código de conduta, resultante do processo de Yaoundé,” Chefe do Estado-Maior da Marinha Nigeriana, Vice-Almirante Awal Gambo, disse numa reportagem do canal de notícias nigeriano, Silverbird News24. “Temos como objectivo criar um ambiente marítimo seguro para o envio de produtos e outras actividades económicas, através da prevenção da pirataria, roubos no mar, roubo de petróleo bruto, conquistas ilegais e outras formas de criminalidade.”
Outros países africanos participantes são Angola, Benin, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Libéria, Marrocos, São-Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa e Togo, de acordo com um comunicado de imprensa da Marinha Francesa.
Bélgica, Brasil, Dinamarca, Itália, Espanha, Reino Unido e os Estados Unidos também participaram.
Cerca de 30 embarcações de superfície e cinco aeronaves participaram durante o exercício que teve a duração de uma semana, com início no dia 10 de Outubro. Entre as embarcações encontrava-se o navio da Marinha dos EUA, USS Hershel “Woody” Williams.
O evento não esteve limitado a simulações. Durante o exercício, uma aeronave francesa, Falcon 50, localizou uma embarcação de pesca em dificuldades, e as autoridades orientaram uma embarcação mercante que se encontrava próximo dali para ajudar sete pescadores a bordo. Num outro exercício, a fragata francesa, Germinal, e o seu helicóptero embarcado, localizaram uma canoa suspeita de contrabando de droga e orientaram um barco de patrulha costa-marfinense para interceptar a canoa.
“Esta oportunidade de treinos no Golfo da Guiné destaca mais a nossa decisão e o compromisso e decisão dos nossos parceiros e aliados de trabalharmos juntos para melhorar a estabilidade e a segurança da costa africana,” Capitão da Marinha dos EUA, Michael Concannon, oficial comandante da USS Hershel “Woody” Williams, disse num comunicado de imprensa.
Durante o evento, o Contra-Almirante da Marinha Nigeriana, Yakubu Wambai, expressou confiança na prontidão da sua marinha para fornecer a liderança em operações de combate com os países vizinhos.
O NEMO22 está “orientado para melhorar a operacionalidade e os esforços de colaboração da Marinha Nigeriana e outras Marinhas do Golfo da Guiné,” disse Wambai, na reportagem do Silverbird News24. “A essência é continuar a manter o Golfo da Guiné e os países e as águas dos países anfitriões o mais seguras possível. Acreditamos que iremos continuar a ver as águas nigerianas cada vez mais livres da pirataria.”
Em 2021, a Nigéria lançou o Projecto Deep Blue, uma abordagem multifacetada para confrontar a pirataria no Golfo da Guiné. O projecto de 195 milhões de dólares reúne uma mistura de navios, aeronaves e drones para fazer a patrulha das linhas de navegação ao largo da costa da Nigéria. O mesmo identifica potenciais áreas problemáticas e responde de forma rápida à pirataria. Também possui uma componente baseada em terra.
De acordo com o Gabinete Marítimo Internacional (IMB, na sigla inglesa), da Câmara de Comércio Internacional, 13 incidentes de pirataria e assalto à mão armada foram registados em 2022, na região do Golfo da Guiné, em meados de Outubro. Esse número representa um decréscimo de 27 incidentes, em comparação com o mesmo período de 2021.
Durante o exercício, os países foram treinados a utilizar o Sistema de Informação Regional da Arquitectura de Yaoundé (YARIS), uma base de dados marítima informatizada, utilizada para a partilha de informação. A plataforma é uma ferramenta para análise e tomada de decisão no mar. O YARIS também pode destacar ameaças específicas e critérios de alerta para detectar automaticamente embarcações suspeitas.
Em finais de Julho, o YARIS ajudou as autoridades da Guiné a prenderem uma embarcação suspeita de prática de pesca ilegal. O capitão Ibrahima Bah, director de operações e formação do Centro de Operações Marítimas da Guiné, disse que a plataforma fez o rastreio da embarcação durante três dias antes de ser abordada e inspeccionada.
“O sistema YARIS possibilita que se definam várias zonas marítimas e que se observem os movimentos das embarcações nessas zonas,” disse Bah na página da internet da rede inter-regional do Golfo da Guiné.