EQUIPA DA ADF
Cerca de um terço da população de África, composta por 1,3 bilhões de pessoas, estão online actualmente, com milhares de outras esperando para aderir, à medida que a tecnologia móvel e de banda larga se expande pelo continente. Com muitos novos utilizadores a juntarem-se à internet, os golpistas financeiros, ladrões de identidade e outros actores maliciosos estão a ter como alvo pessoas de todo o continente.
De acordo com Check Point Research, os países africanos experimentaram uma média de 1.848 ataques cibernéticos por semana em 2022, um número que era superior em relação ao resto do mundo em conjunto.
A Nigéria, que possui o maior número de utilizadores de internet de África, continua a ser um ponto de origem e um alvo primário para os ataques cibernéticos, seguido de África do Sul e Quénia.
Os líderes africanos começam a enfrentar os desafios de cibersegurança do continente. Em 2021, o Centro Africano de Recursos de Cibersegurança (ACRC) criou um sistema de monitoria do cibercrime a nível continental em Lomé, Togo. As principais conferências sobre a cibersegurança estão marcadas para 2023 em Lagos, Nigéria; Kigali, Ruanda; e Cidade do Cabo, África do Sul.
O uso da internet em todo o continente aumentou em 23% entre 2019 e 2021, devido parcialmente à pandemia da COVID-19, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações. À medida que a internet se expande, um dos desafios de cibersegurança do continente a longo prazo é a dependência de empresas estrangeiras para hardware e software, de acordo com o investigador Moses Karanja, que estuda a intersecção da tecnologia e a autoridade governamental.
“A crescente dependência de ecossistemas digitais centralizados enquanto simultaneamente se tem um controlo reduzido sobre eles é a principal preocupação de cibersegurança que eu vejo para a região africana,” disse Karanja à ADF.
Um estudo da avaliação de ameaças online feita por especialistas revela os principais problemas que a comunidade online de África provavelmente venha a enfrentar em 2023. A lista inclui:
Malware: Malware é uma forma de código informático que pode prejudicar infra-estruturas vitais ou pode ser utilizado para espionar governos e corporações. O uso mais comum pode ser para roubar dinheiro. Um grupo de hackers conhecido como OPERA1OR, que trabalha a partir da África Ocidental, roubou mais de 11 milhões de dólares em 12 países, entre 2018 e 2022. O grupo atacou bancos em toda a região nos fins-de-semana e feriados, utilizando equipamento e malware prontamente disponíveis na dark web.
Ransomware: Uma forma de malware, o ransomware bloqueia o computador ou a rede de computadores até que os proprietários paguem aos hackers para restaurarem o acesso. “Em toda a África, o ransomware tornou-se o crime cibernético com maior impacto sobre os governos e empresas,” Joey Jansen van Vuuren, directora de ciências informáticas na Universidade de Tecnologia de Tshwane, África do Sul, disse ao serviço de notícias alemão, Deutsche Welle. Este ano, uma gangue de ransomware atacou o Shoprite, o maior retalhista de África. O grupo roubou dados pessoais dos clientes de Eswatini, Namíbia e Zâmbia e ameaçou divulgá-los a menos que a empresa os pagasse.
Internet das Coisas: A explosão de aparelhos, sistemas de segurança domiciliar, carros e centenas de outros objectos ligados à internet constitui a Internet das Coisas (IoT). Muitos desses objectos vêm com palavras-passe previamente criadas e fáceis de adivinhar que podem deixá-los abertos aos hackers, que, por sua vez, podem controlar os dispositivos de forma remota. Especialistas em matérias de cibersegurança afirmam que poderá haver 25 milhões de objectos do tipo IoT online até 2025. O maior crescimento da IoT registou-se nos sectores de hospitalidade, atendimento médico e finanças.
Tecnologia Móvel: Mais de 70% dos africanos têm acesso à internet através de telemóveis. Isso faz com que os dispositivos móveis sejam um ponto fraco na capacidade do continente de reduzir ataques de malware. Aproximadamente metade dos telemóveis são provenientes de empresas chinesas, como a Huawei, que viu 10 milhões dos seus telemóveis ser invadidos por malware num ataque de 2021, que permitiu que os hackers tivessem acesso a dados dos proprietários.
Erro humano: Por último, a maior ameaça de cibersegurança, muitas vezes, está relacionada com as falhas dos utilizadores, de acordo com especialistas. Pessoas inocentes podem ser enganadas para abrirem e-mails com aspecto de inocente (uma técnica conhecida como phishing) ou descarregarem jogos que espalham malwares nas suas redes informáticas. Mesmos os ataques perpetrados pelo OPERA1OR começaram quando os colaboradores do banco acidentalmente deram aos hackers acesso aos sistemas informáticos do banco.
Enquanto as empresas e os governos centram-se em construir melhores sistemas de segurança online, eles também devem criar mais utilizadores com bom conhecimento da internet, de acordo com o especialista em tecnologia, Bernard Marr.
Escrevendo recentemente na revista Forbes, Marr observou que: “Desenvolver a consciencialização das ameaças e tomar precauções básicas para garantir a segurança devia ser uma parte fundamental das descrições de tarefas de todos em 2023!”