O General Francis Ogolla, das Forças de Defesa do Quénia (KDF), assumiu o comando das forças armadas do país no início de Maio, quando o General Robert Kibochi se reformou após 44 anos de serviço militar, os últimos três dos quais como líder das KDF.
Durante a cerimónia de mudança de comando, Kibochi foi elogiado por reforçar o bem-estar do pessoal e o apoio logístico das forças armadas quenianas. A sua filosofia centrava-se num compromisso inabalável de “afiar a ponta da flecha” para a prontidão da missão.
“Afiar a ponta da flecha é um processo contínuo e implica a formação de primeira classe de todo o pessoal e uma abordagem de bem-estar centrada no soldado para a prontidão da missão,” disse Kibochi num comunicado. “O bem-estar do pessoal das KDF e dos seus dependentes é fundamental e continuará a ser objecto de investimento.”
A nomeação de Ogolla pelo Presidente William Ruto foi vista como uma surpresa, uma vez que Ruto acusou Ogolla de tentar anular a sua eleição de 2022. Ruto disse que havia cerca de 10 nomeados para o cargo, mas escolheu Ogolla porque era “a melhor pessoa para ser general,” disse ao The Africa Report.
Ogolla formou-se como piloto de caça antes de subir na hierarquia e tornar-se comandante da Força Aérea do Quénia. Antes desta nomeação, foi vice-chefe das KDF. Leitor ávido e jogador de golfe, Ogolla pertence à comunidade Luo, o quarto maior grupo étnico do Quénia.
“Com grande humildade, agradeço […] ao Presidente […] pela confiança que depositou em mim ao nomear-me para servir como Chefe das Forças de Defesa,” disse Ogolla numa reportagem do The Africa Report. “Entrei para as KDF há 39 anos […] e acredito que todas as experiências [e] lições por que passei contribuíram para este dia.”
Espera-se que as KDF continuem a contribuir para as operações de paz a nível mundial e regional através de missões das Nações Unidas, da União Africana e da Comunidade da África Oriental.
“Também continuamos a treinar e a orientar as Forças de Segurança da Somália (SSF) para que possam assumir a responsabilidade de garantir a estabilidade da sua nação quando a [Missão de Transição da União Africana na Somália] ATMIS sair da Somália em Dezembro de 2024,” disse Kibochi.
Menos de dois meses depois de Ogolla ter assumido o comando, as KDF foram abaladas por ataques do al-Shabaab nas zonas costeiras e no Distrito da Fronteira Norte, que mataram 12 pessoas, incluindo seis soldados. Os incidentes ocorreram quando as KDF estavam a construir 14 bases avançadas de operações ao longo da fronteira com a Somália. As bases acolherão as tropas em retirada que prestam serviço na ATMIS.
A luta contra o al-Shabaab, da Somália, será um dos principais objectivos de Ogolla. As KDF também têm tropas destacadas no leste da República Democrática do Congo (RDC) e foram incumbidas, no início deste ano, de combater o banditismo e o roubo de gado no noroeste do Quénia, perto da fronteira com o Sudão do Sul.
Ruto ordenou que 900 soldados das KDF fossem enviados para o leste da RDC no final de 2022, com um custo de 37 milhões de dólares nos primeiros seis meses. O compromisso das tropas foi assumido um dia depois de os manifestantes terem incendiado veículos da ONU em Goma, na RDC, devido à frustração com o avanço dos rebeldes do M23.
Os deputados do Quénia observaram que o país tem interesses comerciais na RDC. O Secretário do Gabinete de Defesa do Quénia, Aden Duale, afirmou que o custo de não enviar tropas seria pior do que o de as enviar.
As KDF também estão encarregues de apoiar as forças policiais contra bandidos e ladrões de gado no noroeste do Quénia, onde a violência crescente foi intensificada por secas devastadoras. Durante um período de seis meses, entre o final de 2022 e o início de 2023, os bandos mataram mais de 100 civis e 16 agentes da polícia na região.
“Agradecemos ao governo por ter finalmente ouvido o nosso grito,” disse um residente local ao Organized Crime and Corruption Reporting Project. “Esperamos que, desta vez, a operação atinja o seu objectivo.”