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No canto nordeste do Gana, os residentes das comunidades fronteiriças, como Sapelliga e Bawku, vêem cidadãos do Burquina Faso fugirem da violência e muitos perguntam-se quando a mesma virá contra eles.
“Todos nesta comunidade estão preocupados porque não sabemos exactamente onde [os terroristas] estão e de onde eles vêm,” residente de Sapelliga, Awudu Abanga, disse ao serviço de notícias, DW. “Quem sabe de onde virão os terroristas?”
Bawku, um centro de comércio fundamental para a região, fica a 45 minutos de carro a partir da comunidade burquinabê de Bittou, onde os terroristas mataram seis pessoas, em Dezembro.
Enquanto observavam os seus vizinhos a repelirem ataques repetitivos, os líderes do Gana reforçavam as regiões fronteiriças. Isso ajudou a fazer com que o Gana fosse uma ilha de calmaria na região.
“Estamos a envolver o exército, a polícia, a imigração e todos esses, porque a nossa fronteira é muito porosa,” Ministro Regional da Zona Leste Superior, Stephen Yakubu, disse recentemente à AFP. “Estamos a tentar colocar estas pessoas nestes lugares, para que se existir qualquer travessia que seja, mesmo que seja à noite, o exército irá lidar com eles.”
As Forças Armadas do Gana (GAF) criaram bases de operações avançadas nas regiões do norte e providenciaram mais equipamento para aquelas unidades para garantir que possam fazer a monitoria da fronteira e responder de forma rápida às ameaças, o Vice-Almirante Seth Amoama, Chefe do Estado-Maior da Defesa das GAF, disse num encontro de Exposição e Conferência Internacional de Defesa organizada por Gana, em Outubro.
“O governo também está a aumentar a presença do Estado pelo país, para que não haja espaços não governados em qualquer lugar do país,” disse Amoama, de acordo com Ghana Peace Journal.
As fronteiras porosas com o Burquina Faso representam um desafio para os esforços do Gana de impedir que os terroristas entrem naquele país. Os cidadãos burquinabês que fogem da violência no seu próprio país, várias vezes, atravessam os rios secos de Nakambé ou Nouhao, que formam a fronteira, procurando refúgio no Gana à noite e regressando para o Burquina Faso durante o dia.
Embora o Gana possua 44 postos fronteiriços oficiais com o Burquina Faso, existem cerca de 190 outros lugares onde as pessoas atravessam, de acordo com o analista em matéria de segurança, Adib Saani.
“A maior ameaça são os combatentes que se disfarçam de civis, fugindo de confrontos, entrando para o Gana e preparando o terreno [para o terrorismo],” disse Saani à DW.
De acordo com um relatório divulgado no ano passado pela fundação Konrad Adenauer, o Gana tomou outras medidas para responder à ameaça do terrorismo, incluindo:
- Reorganizar as regiões do norte, para fazer com que seja mais fácil que as forças de segurança operem.
- Efectuar o lançamento de programas que visam reforçar a economia das suas regiões fronteiriças do norte, onde o desemprego é elevado, particularmente entre os jovens que os terroristas muitas vezes têm como alvo.
- Promover a colaboração regional de combate ao terrorismo, através da Iniciativa de Acra, de 2017.
O governo do Gana também lançou uma campanha, no ano passado, denominada “Viu Algo, Denunice,” que encoraja as pessoas a denunciarem comportamentos suspeitos nas suas comunidades às autoridades.
No relatório do “Estado da Região”, de Novembro último, Yakubu disse que o programa “Viu Algo, Denunice” foi abraçado pelos residentes da sua região, mesmo numa altura em que se mantêm atentos àquilo que está a acontecer do outro lado da fronteira.
“É uma verdadeira tragédia, porque as pessoas vêem pessoas fugirem do Burquina Faso para o Gana e dizem-lhes por que razão estão a fugir,” disse Yakubu à AFP. “Assim, as pessoas estão cientes de que aquilo também irá acontecer no Gana.”