EQUIPA DA ADF
O barco inflável corta as águas em alta velocidade em direcção a um navio em espera, transportando meia dezena de Fuzileiros Navais de Angola. Poucos minutos depois, os fuzileiros estavam a bordo do navio em busca de seus alvos.
O assalto foi um exercício — parte de um programa de várias semanas de duração, financiado pelo Departamento do Estado dos EUA, para a formar oficiais subalternos (NCOs) em operações fundamentais como pontaria e tácticas de assalto marítimo com ênfase constante na observação dos direitos humanos. Toda a formação teve como objectivo equipar os fuzileiros navais para abordarem os problemas de actividades ilícitas, incluindo pirataria, tráfico drogas e pesca ilegal ao longo da costa angolana.
Pouco mais de uma dezena de Fuzileiros Navais de Angola participaram dos treinos realizados em parceria com o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. O programa foi concebido para criar uma geração de oficiais subalternos que pode transmitir a sua formação a futuros Fuzileiros Navais de Angola.
“Esta formação irá mudar muitos dos nossos métodos de formação em Angola, especialmente na Escola da Marinha de Guerra,” Fuzileiro 1º Sargento Afonso Silvano disse à ADF. Silvano esteve entre os oficiais subalternos que graduaram com honras no curso em meados de Março.
“Esta formação estiula a relação entre o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, a Marinha dos EUA e os Fuzileiros Navais/Marinha de Guerra Angolana para cooperarem no domínio marítimo Atlântico-África,” Major dos EUA, Vic Sanceda, disse à ADF. “Serve de apoio ao controlo do cumprimento das leis marítimas e da protecção do comércio marítimo.”
Angola situa-se na parte sul do Golfo da Guiné e faz parte do Código de Conduta de Yaondé, o que leva o país a lutar contra o crime transnacional nas suas águas territoriais. Esta lista inclui a pirataria e outras actividades marítimas ilegais.
Assim como outros países do Golfo da Guiné, Angola enfrenta desafios de actividade ilegal ao longo das suas costas.
Há bem pouco tempo, no dia 23 de Janeiro, dois ladrões entraram a bordo de um barco ancorado e roubaram equipamento do navio antes de escaparem, de acordo com os Serviços de Crime Comercial Internacional (ICC) que faz o rastreio de crimes marítimos que ocorrem pelo mundo. Em 2021, os serviços de ICC anunciaram três roubos em navios ancorados no porto de Luanda.
O programa de formação foi concebido para ajudar os Fuzileiros Navais de Angola a cumprir com suas responsabilidades no ambiente marítimo e transmitir esse conhecimento para os seus colegas e futuros fuzileiros navais sem o apoio dos EUA.
A formação foi dividida em quatro fases:
- Formação de formadores: técnicas básicas de instrução com ênfase na comunicação pública, gestão de sala de aulas, avaliação de risco e importância de formação com base em cenários.
- Direitos Humanos/Medicina/Liderança/Planificação: fundamentos de direitos humanos e a necessidade de aplicá-los durante todas as operações para proteger os civis, incluindo primeiros socorros básicos e medicina em campo de batalha, juntamente com o processo de tomada de decisão militar.
- Pontaria e Procedimentos de Técnicas Tácticas: treinos de pontaria com balas reais e tácticas marítimas, acrescentando aos fundamentos dos cursos precedentes; incluindo exercícios de batalha, prestação de cuidados sob ataque, combate corpo-a-corpo, técnicas de busca e força de protecção.
- Operações Marítimas: sete dias de formação para operar debaixo da água, abordagem de embarcações no mar e realização de combate corpo-a-corpo.
Durante a última sessão de formação, os Fuzileiros Navais de Angola entraram a bordo de duas embarcações infláveis e seguiram em alta velocidade, atravessando as águas costeiras em direcção a um navio que esperava ao largo da costa. Durante o treino de assalto, os oficiais subalternos entraram a bordo do navio e realizaram uma busca enquanto permaneciam prontos para combate corpo-a-corpo caso fosse necessário.
Fuzileiro 2º Sargento, Luís Ussange Da Silva, disse que o programa forneceu aos formandos habilidades importantes para planificarem e executarem as suas próprias missões de formação.
“Esta formação irá mudar-nos, porque agora temos outras formas de fazer as coisas como planificações a curto e a longo prazo, e isto irá também ajudar-nos muito na planificação e execução das aulas,” disse Da Silva. “Como formadores agora, a nossa principal tarefa será aplicar aquilo que aprendemos nas próximas aulas.”