ADF STAFF
Para preparar as forças de segurança com vista a enfrentar uma grande variedade de ameaças em evolução, o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, anunciou que as Forças Armadas do Gana (GAF) irão criar um colégio de guerra.
Criado com dinheiro proveniente do Ghana Education Trust Fund, a instituição irá formar pessoal militar em guerra moderna e expandir as oportunidades de ensino profissional dos mais altos níveis de liderança militar.
Durante um discurso proferido nas celebrações das Actividades Sociais dos Soldados da África Ocidental, das GAF, no final do ano de 2022, em Acra, Akufo-Addo disse que ele encarregou o Ministério da Defesa e o Alto Comando do Exército para iniciarem o processo de criação do colégio este ano.
“Irá criar um ambiente de paz e segurança para o crescimento e prosperidade do nosso país,” disse Akufo-Addo.
Espera-se que a instituição amplie o espectro de programas de formação já oferecidos pelo Colégio de Comandos e Pessoal Militar das Forças Armadas do Gana (GAFCSC) que oferece cursos de defesa e estudos militares, governação e liderança, política internacional, administração e gestão e ainda gestão de crises e de conflitos.
Akufo-Addo também disse que as GAF beneficiarão de instalações de formação melhoradas, logística e infra-estrutura para abordar de forma adequada os problemas de segurança modernos.
O colégio de guerra constitui o mais recente passo que o Gana tomou para reforçar as suas capacidades militares.
Em Abril de 2022, o país começou a reforçar o seu complexo industrial militar para fornecer equipamento para o seu exército. Nos termos do projecto, cerca de 13 empresas de parceria conjunta estão a colaborar com o exército do Gana para fabricar munições, carros blindados, dispositivos electrónicos, calçado, computadores, telefones, armamento militar e produtos têxteis e roupa, noticiou o site Military Africa.
Na altura, o governo também se comprometeu em conceder equipamento de construção, avaliado em 18 milhões de dólares, para as operações militares e ao Complexo de Escritórios do Quartel-General do Exército.
Numa conferência sobre o combate ao terrorismo, no Quénia, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, recentemente expressou preocupação de que a violência jihadista, no Sahel, pode alastrar-se para a África Ocidental.
“Começou no Mali, foi para o Burquina Faso, Níger e, agora, quando falamos com os presidentes do Gana, Benin, Togo e Costa do Marfim, eles afirmam que o terrorismo está a vir para as suas fronteiras,” disse Guterres numa reportagem do Military Africa. “Acredito totalmente que não estamos a vencer a guerra contra o terrorismo no Sahel e que a operação deve ser fortalecida.”
A preocupação de Guterres há muito que tem sido manifestada pelos líderes regionais.
Sob a liderança de Akufo-Addo, os governos de Benin, Burquina Faso, Costa do Marfim e Togo juntaram-se ao Gana para criar a Iniciativa de Acra, em 2017. Mali e Níger contribuíram como observadores.Nos termos da iniciativa, os países colaboram em matérias de segurança fronteiriça e partilham informação e inteligência para conter a propagação do terrorismo.
“A África Ocidental continua a sofrer dos efeitos do flagelo do terrorismo e do extremismo violento, que se propaga rapidamente em toda a região,” disse Akufo-Addo, em Novembro de 2022. “Actualmente, os grupos terroristas fortalecidos pelo seu sucesso aparente na região do Sahel estão à procura de novos terrenos operacionais, um desenvolvimento que despoletou a descida em direcção ao sul do grupo, do Sahel para a costa da África Ocidental.”
Adam Bonaa, um especialista em relações internacionais e segurança, do Instituto de Segurança, Bem-Estar, Política e Investigação, sediado em Acra, disse que acredita que os líderes da África Ocidental também deviam confiar nos civis para a obtenção de informação sobre terrorismo e ameaças.
“Não podemos simplesmente acordar e colocar um fim a isso. Medidas adequadas devem ser colocadas em vigor,” disse Bonaa à Voz da América. “Deve haver uma pré-disposição por parte dos líderes, mas existe uma verdadeira desarticulação, onde os cidadãos estão a fazer uma coisa e o executivo está a fazer outra coisa. Não se pode combater o terrorismo sem o envolvimento do povo… e isso não é o que eles estão a fazer.”