EQUIPA DA ADF
Num estabelecimento de formação, em Jacqueville, Costa do Marfim, os soldados da Unidade de Forças Especiais do Gana encostam-se numa escada metálica contra uma parede de terra enquanto praticam um assalto a uma aldeia controlada por insurgentes. Um soldado começou a subir enquanto os seus dois parceiros mantinham-se em vigia contra inimigos.
As tropas ganesas estavam entre 400 soldados da África Ocidental e do Sahel que participaram da Operação Flintlock 2022, em Fevereiro. A Costa do Marfim organizou o Flintlock do ano corrente na sua Academia Internacional de Combate ao Terrorismo, nos arredores de Abidjan. O campus de 1.100 hectares inclui uma escola para oficiais do governo, um centro de formação para forças especiais e um instituto de pesquisas.
Organizado pela primeira vez em 2005, o Flintlock é o maior exercício anual de Operações Especiais do Comando dos Estados Unidos para África e é concebido para melhorar a capacidade dos países de combater organizações extremistas violentas que operam no Sahel. O exercício contou com a participação de soldados de 11 países africanos e aliados. Juntamente com o país organizador, os países participantes foram Camarões, Gana e Nigéria. No exercício Flintlock 2021 do ano passado, planificado para ter lugar Senegal, foi suspenso por causa da pandemia da COVID-19.
O exercício Flintlock visa criar segurança e cooperação regionais numa região que enfrenta desafios de múltiplos grupos extremistas.
“O Flintlock faz-nos lembrar, caso necessário, da importância de partilha de inteligência contra os perpetradores de terrorismo, do extremismo violento e outras ameaças do mal,” disse o General Lassina Doumbia, chefe do estado maior do exército da Costa do Marfim .
Os soldados que participaram de um exercício que teve a duração de duas semanas trabalharam juntos durante os exercícios que incluíam forçar entrada numa aldeia com muralhas enquanto faziam a verificação de segurança nos edifícios, assim como capturar e interrogar extremistas. O evento também enfatizou a necessidade de proteger os direitos humanos durante as operações de combate à insurgência.
Desde 2015, a região experimentou um aumento de violência de grupos extremistas como Boko Haram, Jama’at Nusrat al-Islam Wal-Muslimin (JNIM), a Frente de Libertação da Macina e o Grupo do Estado Islâmico do Grande Sahara.
O Centro de Estudos Estratégicos de África registou 2.005 eventos violentos ligados a grupos extremistas no Sahel, em 2021, um aumento de 70% em relação a 2020. Enquanto os extremistas continuam activos na Bacia do Lago Chade, no norte dos Camarões, eles começam a expandir-se a partir do Mali e do Burkina Faso em direcção ao sul, para os países costeiros da Costa do Marfim e do Benin.
A Brigadeiro-General Felicia Twum-Barima, adida de defesa do Gana na Costa do Marfim, disse que os grupos parecem ter intenções de alcançar a costa. “Não me surpreende o facto de que estejam aqui — mas a velocidade é alarmante,” disse ao Wall Street Journal.
Desde 2020, os extremistas atacaram a Costa do Marfim 16 vezes e mataram pelo menos 22 membros das forças de segurança. Os ataques estão a aumentar no Benin. O Gana não experimentou nenhum grande ataque, mas diz-se que os extremistas têm células naquele país.
Doumbia disse que o seu país está preparado para enfrentar a crescente ameaça.
“Nenhum dos nossos países está imune agora,” disse Doumbia ao linfodrome.ci, da Costa do Marfim. “Temos de enfrentá-la. Por isso, agora estamos a levar esta nova situação em consideração na nossa planificação, organização do nosso sistema e obviamente em todos os acréscimos que se seguirão .”
Está previsto que o Gana acolha o Flintlock 2023.
« Aucun de nos pays n’est désormais à l’abri. Il faut faire face. Et nous prenons donc désormais en compte cette nouvelle donne dans notre planification, dans l’organisation de notre dispositif et évidemment dans toute la montée en puissance qui va s’ensuivre ».