EQUIPA DA ADF
No dia 22 de Dezembro, unidades do Exército Nacional da Somália juntaram-se às milícias do clã local para libertar Ruun-Nirgood, uma comunidade estrategicamente importante, na região de Shabelle Central.
Um porta-voz do exército disse que a operação eliminou o último reduto do al-Shabaab na região e solidificou o controlo do governo sobre Shabelle Central, a norte da capital Mogadíscio.
O assalto foi o mais recente numa corrente de campanhas bem-sucedidas contra o al-Shabaab, através da melhoria rápida do exército somali. Um esforço de reestruturação realizado com a ajuda da União Africana produziu um exército da Somália que é capaz de permanecer em pé por si só e resistir e repelir o al-Shabaab, de acordo com o Tenente-General Diomede Ndegeya, o antigo comandante da força da ATMIS, a Missão de Transição da União Africana na Somália.
Ndegeya deixou o cargo em Outubro. Na sua mensagem de despedida, ele disse que a capacidade do exército da Somália de derrotar o al-Shabaab e manter o terreno que captura demonstra o quanto este exército cresceu como uma força de combate.
“Não seríamos capazes de alcançar grande coisa na Somália sem os nossos parceiros. Agradeço a eles pelo apoio e apelo que façam mais e não fiquem fatigados,” disse Ndegeya.
As tropas da Somália comunicaram uma série de sucessos contra os grupos terroristas desde Agosto em ofensivas planificadas e executadas totalmente por comandantes da Somália, com o apoio das milícias locais.
“Impusemos uma derrota pesada contra os terroristas,” comandante do Exército Nacional da Somália, Brigadeiro-General Odawaa Yusuf Rageh disse à Voz da América Somali.
Em Outubro, o exército recuperou a aldeia de Masjid Ali Gadud, que tinha estado nas mãos do al-Shabaab durante 15 anos. Para além dos recentes sucessos em Shabelle Central, o exército também obteve vitórias em Hiraan, a província do extremo sul, que faz fronteira com o Quénia e Shabelle do Sul, e tem planos para realizar novas operações em Jubaland. No processo, centenas de terroristas do al-Shabaab foram eliminados.
“O governo continua a procurar criar a confiança perante o público, para que se firme contra o grupo,” Samira Gaid, do Instituto Hiraal, um grupo de reflexão da área de segurança, sediado na Somália, disse à Agence France-Presse.
Os centros de treinamento de Mogadíscio estão a atrair novos recrutas, muitos deles com grau de licenciatura concluído.
Rageh atribuiu o crédito à Turquia e aos Estados Unidos pela formação das forças que estiveram no centro dos recentes sucessos contra o al-Shabaab.
Apesar das suas derrotas, o al-Shabaab ainda tem a capacidade de lançar ataques contra o exército e contra civis. O grupo realizou um ataque suicida contra o Hotel Villa Rose de Mogadíscio, próximo do palácio presidencial, em Novembro, dois ataques com carros-bomba, próximo do Ministério da Educação, em Outubro, e um ataque contra o Hotel Hayat, em Agosto.
Em 2022, os ataques do al-Shabaab mataram 613 civis e feriram outros 950, de acordo com o Gabinete do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Em Novembro, o Conselho de Paz e Segurança da União Africana votou a favor de retardar a retirada planificada da ATMIS até ao dia 30 de Junho de 2023, como parte de um plano para reforçar a actual campanha do exército da Somália contra o al-Shabaab. O Conselho de Segurança da ONU rapidamente ratificou aquela decisão.
Por volta da mesma altura, os líderes da ATMIS e do exército da Somália reuniram-se para discutir estratégias para combater o uso de dispositivos explosivos improvisados (DEI) pelo al-Shabaab.
O Engenheiro-Chefe das Forças da ATMIS, Coronel Davidson Nwogu, sugeriu que o uso de DEI era um sinal de desespero do al-Shabaab depois de sucessivas derrotas perante as forças da Somália e seus aliados.
No dia que antecedeu a vitória da Somália em Ruun-Nirgood, o governo anunciou a chegada da primeira vaga de 5.000 novos recrutas treinados na Eritreia. Espera-se que mais tropas regressem em Janeiro.
O Ministro da Defesa, Abdulkadir Mohamed Noor, disse num comunicado que forças recentemente treinadas irão trazer novo sangue para a luta contra o al-Shabaab.
“O governo continuará … a desenvolver, melhorar a qualidade e a formação do exército da Somália, que continua a desempenhar um papel fundamental na luta contra [o extremismo violento],” disse Noor, de acordo com a página da internet de notícias, Somali Guardian.