BANCO MUNDIAL
Na floresta densa da Reserva da Biosfera de Kafa, no Sudeste da Etiópia, encontram-se milhares de variedades genéticas de café, um importante banco de sementes da arábica selvagem, agora em risco de extinção.
Preservar o apreciado café arábica é fundamental não apenas para os consumidores do café do mundo inteiro, mas também para os aproximadamente 15 milhões de pessoas da Etiópia cujos meios de sustento dependem dele. Etiópia é o maior produtor de café de África e o quinto maior exportador do mundo. Em 2018, a produção do café da Etiópia foi de 7,5 milhões de sacos de 60 quilogramas, de acordo com a Organização Internacional do Café.
A zona de Kafa, cerca de 460 quilómetros a sudeste de Adis Abeba, é considerada o local de origem da arábica selvagem. As plantas da arábica encontradas aqui estão a ser usadas para desenvolver variedades do café que tem o potencial de sobreviver às alterações climáticas.
Um estudo de 2019 descobriu que 60% das 124 espécies de café selvagem estão sob risco de extinção por causa das mudanças na utilização das terras, desflorestamento e factores climáticos. O autor do estudo, Aron Davis, disse que o café selvagem é de vital importância para a viabilidade a longo prazo do sector de café.
“A pura escala de diversidade genética encontrada nestes locais selvagens simplesmente não pode ser replicada em jardins botânicos ou colecções para pesquisa,” disse Davis. “Precisaremos destes recursos mais do que nunca ao longo deste século.”
Designada em 2010 pelas Nações Unidas como uma biosfera nacional, a Reserva da Biosfera de Kafa estende-se por 760.000 hectares e possui uma população de cerca de 1 milhão de habitantes. É conhecida como o “pulmão verde” da Etiópia pelo dióxido de carbono que a floresta consome.
O Projecto de Gestão Sustentável de Terras do Banco Mundial trabalhou com agricultores da área à volta da biosfera, fornecendo aconselhamento em matérias de práticas de agricultura sustentável e apoiando esforços no sentido de reverter a desflorestação e a degradação florestal, o melhoramento da saúde do solo e a preservação da biodiversidade.
“Impulsionando os meios de subsistência nas zonas de transição, isso iria diminuir a pressão sobre a zona central e reduzir a necessidade das comunidades de acederem aos recursos daquele lugar, preservando assim o café selvagem a longo prazo,” disse Paul Martin, do Banco Mundial.