EQUIPA DA ADF
Em mais de dois anos da pandemia da COVID-19, quase toda a população da África do Sul possui algum nível de imunidade ao vírus que causa a doença, de acordo com um estudo feito pelo maior banco de sangue daquele país.
Investigadores do Serviço Nacional do Banco de Sangue da África do Sul (SANBS) comunicaram recentemente que 98% dos sul-africanos possuem anticorpos da COVID-19 no seu sangue. A maioria destes (87%) possui imunidade natural desenvolvida em resposta a uma infecção. O remanescente adquiriu a sua imunidade a partir de medicamentos, disse Marion Vermeulen, uma virologista que supervisiona os serviços de medicina e técnica de transfusão do banco de sangue.
O SANBS cobre sete províncias sul-africanas, incluindo as densamente habitadas províncias de Gauteng e Cabo Oriental. A província do Cabo Ocidental possui o seu próprio banco de sangue.
Vermeulen disse à estação de notícias sul-africana, eNCA, que os novos números sobre a imunidade foram resultado de um terceiro estudo feito pelo banco de sangue sobre os níveis de anticorpos em sangue doado. O estudo foi realizado em Março depois da primeira vaga da Ómicron. Estudos anteriores foram feitos em Março e Novembro de 2021, depois das vagas das variantes Beta e Delta.
Em cada estudo, doadores voluntários concordaram em participar depois de terem vindo doar voluntariamente, disse Vermeulen.
Os três estudos demonstram um rápido aumento nos níveis de imunidade de 50% em Março de 2021 para aproximadamente 70% em Novembro de 2021 e para 98% agora. O estudo também sugere que existe uma grande ocorrência de reinfecções devido à Ómicron.
“Não esperávamos um grande aumento como este desta vez, num historial de alto nível como este,” disse Vermeulen. “Por isso, ficamos muito surpreendidos ao ver este salto.”
A principal diferença entre a mais recente vaga e as vagas anteriores é o aumento do número de crianças internadas em hospitais com a COVID-19. Cerca de 17% dos internamentos em hospitais durante a quinta vaga eram de crianças, de acordo com a empresa sul-africana de seguros, Discovery Health Ltd.
No início da pandemia, os investigadores encontraram uma diferença significativa nos níveis de exposição ao comparar as zonas altamente urbanizadas, como Gauteng, com províncias mais rurais. Até Março de 2022, essa diferença tinha virtualmente desaparecido, desse Vermeulen.
“Não existe uma lacuna estatisticamente significativa em termos de regiões,” disse.
A diferença nos níveis de infecção entre aqueles que foram capazes de trabalhar a partir de casa no início da pandemia e aqueles que não o puderam fazer desapareceu, acrescentou.
Vermeulen disse que o estudo de Março de 2022 foi o primeiro a diferenciar entre a imunidade natural e a adquirida através de medicamentos.
No início de Junho, o Instituto Nacional de Doenças Contagiosas (NICD) da África do Sul comunicou que o país estava a sair da sua mais recente vaga de infecções pela COVID-19, que foi impulsionada pelas estirpes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron. A vaga apenas durou pouco menos de 60 dias e produziu pouco menos de 8.000 casos diários no seu pico.
As novas estirpes demonstraram uma forte capacidade de vencer a imunidade, particularmente entre as pessoas cujas infecções anteriores foram por variantes iniciais da COVID-19. Apesar disso, os internamentos e as mortes durante a quinta vaga foram inferiores do que qualquer vaga anterior, com mortes a atingir níveis ligeiramente acima do normal, de acordo com dados do NICD.
Especialistas de saúde pública acreditam que a imunidade generalizada daquele país à COVID-19 ajudou a reduzir o período de tempo e o impacto da quinta vaga.