EQUIPA DA ADF
A muito esperada busca da Organização Mundial de Saúde pela origem da COVID-19 teve o seu começo em meados de Janeiro, depois de uma semana de atraso provocado pelas autoridades chinesas e pelas decisões da China de impedir dois cientistas que testaram positivo para os anticorpos do coronavírus.
A equipa de especialistas internacionais inclui: um epidemiologista que ligou o síndrome respiratório do Médio Oriente a camelos; um veterinário cujo trabalho ligou o surto do Ébola da África Ocidental de 2014 a morcegos; e um especialista em matérias de como os micróbios causadores de doenças se propagam em mercados de produtos alimentares.
Os pesquisadores estão a procurar determinar a origem da COVID-19 e o caminho que a mesma levou desde o seu hospedeiro animal aos seres humanos. Acredita-se que a primeira transmissão para seres humanos ocorreu no mercado de produtos frescos de Wuhan. Os comerciantes daquele lugar vendiam uma variedade de animais selvagens para o consumo humano, incluindo morcegos e pangolins — dois animais considerados potenciais fontes do vírus da COVID-19.
O vírus foi anunciado no final de Dezembro de 2019. Nos 13 meses que se seguiram, a COVID-19 tornou-se uma pandemia de alcance mundial, infectando mais de 96 milhões de pessoas e matando mais de 2 milhões. Aqueles que sobrevivem podem ter efeitos colaterais que alteram a vida.
Em África, uma nova variante do vírus levou a uma segunda vaga de infecções que se propaga mais rapidamente. Foram necessários cinco meses para que África alcançasse 1 milhão de casos até Agosto último. Os casos triplicaram para 3 milhões em cinco meses desde essa altura.
A equipa da Organização Mundial de Saúde começou o seu trabalho no dia 15 de Janeiro, apesar de repetidos atrasos causados pelas autoridades chinesas, que inicialmente ocultaram o surto no final de 2019 e passaram boa parte de 2020 a opor-se aos apelos internacionais para uma investigação independente para aferir a causa.
“A obsessão mortal do [Partido Comunista Chinês] com os segredos e controlo vem à custa da saúde pública na China e no mundo,” disse o Departamento do Estado dos EUA, num comunicado do dia 15 de Janeiro.
Os líderes chineses também resistiram à ideia de Wuhan ter sido a fonte do vírus.
Uma investigação feita pela The Associated Press concluiu que as autoridades chinesas confiscaram amostras tiradas pelos pesquisadores que estudavam os morcegos. O vírus da COVID-19 é quase idêntico aos coronavírus encontrados em morcegos-de-ferradura originários da China.
De acordo com a AP, o governo chinês “está a controlar de forma rigorosa todas as pesquisas sobre as origens, reprimindo algumas e promovendo teorias marginais que indicam que pode ter vindo de fora da China.”
Sob ordens directas do Presidente Xi Jinping, todos os resultados das pesquisas devem ser aprovados por uma força-tarefa governamental antes de poderem ser publicados, noticiou a AP.
A virologista holandesa, Marion Koopmans, que trabalhou no MERS e rastreou a recente propagação da COVID-19 em propriedades agrárias europeias de cultivo de pele, disse ao jornal de pesquisas Nature que as equipas terão em consideração todas as possibilidades, incluindo a ideia de que o vírus da COVID-19 tenha escapado do Instituto de Virologia de Wuhan.
“Qualquer coisa deve ser alvo da nossa atenção,” disse ela.
Mais de um ano depois do surto, pode ser difícil localizar as provas. As autoridades chinesas encerraram o mercado e esterilizaram a secção onde eram vendidos os animais selvagens.
Depois de sair da quarentena, a equipa da OMS terá duas semanas em Wuhan para fazer este trabalho investigativo. Eles sairão do país antes do início do Ano Novo Chinês, no dia 12 de Fevereiro.
Um pesquisador australiano, Dominic Dwyer, que faz parte da equipa de investigação, disse à Australian Broadcasting Corp. que a equipa não irá procurar localizar “o paciente zero,” a primeira fonte humana do vírus. Pelo contrário, a OMS pode trazer uma luz em áreas onde é necessário que haja mais pesquisas.
“Pode ser possível que tenhamos uma melhor indicação para saber se o vírus realmente começou em Wuhan ou não,” disse. “Ou será que começou num outro lugar e posteriormente foi ampliado em Wuhan?”