EQUIPA DA ADF
Enquanto perspectivam uma potencial terceira vaga de infecções pela COVID-19, possivelmente em Maio ou Junho, os líderes africanos do sector de saúde pública estão a apelar aos cidadãos do continente a serem vacinados logo que tiverem a oportunidade, mesmo que tenham preocupações quanto aos efeitos colaterais.
“Os benefícios das vacinas são muito maiores em relação aos riscos,” afirmou o Dr. Richard Mihigo, gestor da área do programa de imunização e desenvolvimento da vacina nos escritórios regionais de África, da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A OMS e o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) aprovaram as vacinas da Pfizer, Moderna, Johnson & Johnson e AstraZeneca para uso em situações de emergência no continente.
“As vacinas da COVID-19 autorizadas pela OMS para uso em situações de emergência são seguras e podem reduzir significativamente os riscos de doença grave e de morte, que é a nossa preocupação primária,” acrescentou Mihigo.
Até agora, os piores efeitos colaterais que as pessoas mencionaram depois de receberem uma vacina são fadiga, dores de cabeça e dores no local da injecção, disse Mihigo.
Embora as pessoas que tenham sido vacinas ainda possam contrair a COVID-19, os sintomas são altamente reduzidos e ainda não foram reportados casos de mortes pela doença entre as pessoas vacinadas, de acordo com pesquisadores.
Até meados de Abril, 45 países africanos tinham começado a administrar vacinas, o que resultou em aproximadamente 14 milhões de pessoas a receberem uma dose. Este número ainda se encontra muito longe da meta do Africa CDC de vacinar 700 milhões de africanos até finais de 2022.
A Autoridade Reguladora de Produtos de Saúde da Africa do Sul recomendou o reinício das vacinações aos profissionais de saúde com a vacina da Johnson & Johnson, depois de o governo ter interrompido a campanha por causa da preocupação relacionada com efeitos colaterais extremamente raros.
A Johnson & Johnson comprometeu-se a fornecer 400 milhões de doses à União Africana. A vacina da J&J está preparada para desempenhar um grande papel na África do Sul agora que a Aspen Pharmacare Holdings Inc. daquele país está organizada para começar com a produção de doses antes de Junho a partir de materiais de base congelados provenientes da Bélgica. Aquelas doses serão distribuídas em todo o continente através da Equipa-Tarefa Africana para Aquisição da Vacina.
“Não houve nenhum retrocesso,” Gus Attridge, Vice-Presidente do Conselho de Administração da Aspen, disse ao Business Insider South Africa, em Março.
Enquanto a África do Sul procura evitar uma terceira vaga de infecções, os líderes daquele país esperam obter até 3 milhões de doses de vacinas produzidas localmente, disponíveis até Junho.
Uma pesquisa do Africa CDC, realizada em finais de 2020, demonstrou um grande apoio entre os africanos para a ideia de se receber uma vacina segura e eficaz. Entretanto, as sondagens mais recentes, que foram feitas pela Afrobarometer, descobriram que havia bolsas de resistência para se receber a vacina.
Os especialistas da União Africana e da OMS continuam a enfatizar que todas as vacinas aprovadas para o uso no continente passaram por ensaios clínicos para determinar a sua eficácia e eficiência.
A facilidade internacional COVAX pretende fornecer 600 milhões de doses da vacina da AstraZeneca a 40 países africanos. Até agora, já forneceu vacinas a 31 países. Especialistas do Africa CDC e da OMS encorajam os governos a administrarem a vacina da AstraZeneca juntamente com outras vacinas se for possível.
“Estas vacinas continuam a ser seguras,” disse o Director do Africa CDC, Dr. John Nkengasong, durante a sua actualização semanal sobre a COVID-19, no dia 8 de Abril. “Continuamos a recomendar que as vacinas sejam utilizadas.”
Nkengasong disse que as Seicheles e as Maurícias são os primeiros dois países africanos a receberem vacinas suficientes para alcançar a meta da COVAX de vacinar 20% da sua população. As Seicheles vacinaram 64% da sua população com pelo menos uma dose.
Do outro lado do continente, o Marrocos administrou 4 milhões de doses, a maior quantidade em relação a qualquer outro país africano, disse Nkengasong.
A Director Regional da OMS para África, Dra. Matshidiso Moeti, juntou-se a Nkengasong e outros especialistas em matérias de saúde pública no apelo aos africanos para receberem a vacina contra a COVID-19, visto que muitos enfrentam dificuldades causadas pela fadiga da pandemia. Moeti diz que a mensagem pró-vacinação precisa de crescer a partir da base e expandir-se para fora através dos líderes religiosos, redes sociais e grupos de mulheres.
“A vacinação é a rota mais rápida para a recuperação social e económica desta pandemia,” disse Moeti.