EQUIPA DA ADF
Especialistas em matérias de saúde pública estão a preparar-se para mais uma vaga da COVID-19, impulsionada pela variante Eta.
Descoberta pela primeira vez na Nigéria, em Dezembro de 2020, a variante (também conhecida pela designação B.1.525) propagou-se de forma silenciosa para 70 países do mundo, viajando nas sombras da mais mortal variante Delta. Em África, a variante Eta apareceu em Angola, nos Camarões, Gabão, Gana, Mali, Nigéria, África do Sul, Tanzânia e Uganda.
A variante coincidiu com um aumento das infecções pela COVID-19, no Mali, em Abril de 2021, de acordo com o Dr. Antoine Dara, do Centro de Pesquisa e Formação em Malária.
“Não temos uma ideia completa da prevalência desta variante, porque um número muito limitado de amostras foi sequenciada no Mali,” Dara disse à ADF. “Contudo, pensamos que o aumento no número de casos por volta dos meses de Abril e Maio de 2021 no Mali possa estar relacionado com esta variante.”
A Organização Mundial de Saúde (OMS) designou a variante Eta como variante de interesse — um indicador que é digno de estudo e observação, porque está a propagar-se por muitos países. Uma variante de interesse encontra-se a um passo a menos em relação à indicação de “variante de preocupação,” aplicada às mais contagiosas variantes Alfa, Beta e Delta.
Apesar de a pegada global da Eta ser grande, o seu impacto foi limitado. Especialistas, contudo, estão preocupados achando que pode afectar de forma particularmente dura a população não vacinada.
Os investigadores afirmam que a variante Eta carrega várias mutações semelhantes àquelas que tornaram a variante Alfa eficaz para entrar nas células e evitar as defesas do corpo. Ainda não se sabe se a variante Eta é tão transmissível quanto as anteriores.
“É necessário que haja mais trabalho para abordar esta questão,” disse Dara.
As variantes Alfa, Beta e Delta são mais transmissíveis do que o vírus original da COVID-19, o que permitiu que elas se propagassem rapidamente no seio da população. Embora não sejam mais mortais do que a original, o aumento da transmissão expôs mais pessoas ao vírus e, consequentemente, mais mortes.
De acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, as mutações particulares da variante Eta implicam que poderá ser mais difícil derrotá-la utilizando os anticorpos adquiridos de forma natural, plasma convalescente de pessoas que foram previamente infectadas ou tratamentos com anticorpos monoclonais desenvolvidos em laboratórios.
Dr. Anban Pillay, director-geral adjunto do Departamento Nacional de Saúde da África do Sul, disse, ao Comité de Saúde Pública do Parlamento, que a variante Eta não parece ser tão virulenta como a Delta, mas alerta que se exerça toda a cautela. A variante Eta surgiu em pequenos números nas províncias do Cabo Ocidental, Guateng e KwaZulu-Natal, no início do ano, mas começou a retroceder em Junho.
“Obviamente que devemos prestar atenção a isso,” disse Pillay.