EQUIPA DA ADF
Um adágio militar usado há muito tempo diz: “Os amadores falam de estratégia; os profissionais falam de logística.” Os líderes experientes sabem que, sem uma logística sólida, qualquer plano militar está destinado ao fracasso.
Esta filosofia esteve no centro da Conferência de Logística da África Ocidental 2024, realizada recentemente em Douala, nos Camarões. As Forças Armadas dos Camarões e o Comando dos EUA para África patrocinaram o evento de dois dias.
A segunda conferência anual de logística da região reuniu mais de 60 líderes da logística militar da África Ocidental e dos EUA para abordar os desafios que enfrentam no apoio às missões militares, quer se trate de combater extremistas e criminosos transnacionais ou de dar resposta a crises humanitárias.
Os participantes vieram do Benin, Cabo Verde, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mauritânia, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Gâmbia, Togo, União Africana e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
“Tivemos discussões muito frutuosas,” o coronel do exército ganês, James Amenyah, disse durante a conferência. “É o início de grandes coisas que estão por vir.”
Os especialistas em logística militar mantêm as suas tropas alimentadas, vestidas e armadas. Adquirem, armazenam e eliminam o material. Transportam tropas e abastecimentos e mantêm as instalações que ajudam as forças da linha da frente a fazer o seu trabalho.
“A logística é fundamental,” o Comandante do AFRICOM, General Michael Langley, disse num discurso em vídeo na conferência. “A nossa capacidade de lutar depende da nossa capacidade de manter a força de combate.”
As forças armadas africanas enfrentam uma multiplicidade de desafios logísticos quando enviam tropas através de um vasto continente com sistemas portuários, rodoviários e ferroviários limitados. A falta de transporte aéreo estratégico também dificulta a deslocação das tropas e dos seus abastecimentos.
O coronel reformado Daniel Hampton, analista do Centro de Estudos Estratégicos de África, descreveu o continente como tendo “as condições mais difíceis do mundo em termos operacionais e logísticos.”
Superar estes desafios é dispendioso, tanto em termos de dinheiro como de pessoal.
“Sem um sistema logístico forte, os seus mandatos complexos, variáveis e expansivos não podem ser cumpridos eficazmente,” o Coronel Hampton escreveu numa análise dos desafios logísticos das forças armadas africanas. Por conseguinte, os logísticos militares devem ser adaptáveis e inovadores se quiserem ultrapassar os obstáculos que ameaçam perturbar o seu trabalho, dizem os peritos.
À medida que as nações africanas assumem mais o fardo da manutenção da paz no continente, uma logística eficaz e eficiente tem de se tornar uma prioridade para os governos que contribuem para esses esforços, dizem os analistas. Projectos como a Força Africana em Estado de Alerta proposta pela União Africana ou destacamentos regionais como a missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral na República Democrática do Congo dependem da capacidade de fornecer tropas a grandes distâncias e em terrenos difíceis.
A conferência de logística de 2024 sublinhou a noção de cooperação e coordenação regionais para ajudar os operadores logísticos militares a enfrentar e a ultrapassar os desafios com que se deparam.
“Os princípios logísticos fundamentais necessários para fazer face a estes desafios permanecem inalterados — a nossa missão é fazer chegar aos nossos clientes o que eles precisam, onde precisam e quando precisam,” o Brigadeiro-General Dutch Dietrich, director de logística do AFRICOM, disse aos participantes. “A manutenção de relações fortes, a coordenação das nossas acções e o reforço da interoperabilidade permitir-nos-ão atingir os nossos objectivos mútuos de garantir a segurança e a protecção das nossas populações.”
No decurso da conferência, os participantes concordaram em desenvolver uma plataforma para partilhar informações e trabalhar em conjunto para encontrar soluções para os seus desafios.
“Esta plataforma permitir-nos-á naturalmente responder a muitas questões que foram levantadas durante esta conferência,” o Tenente-Coronel Bio Gounoukperou, da Divisão de Apoio Logístico do Estado-Maior das Forças Armadas do Benin, disse durante a conferência. O objectivo, acrescentou, é regressar à conferência do próximo ano com respostas concretas aos desafios logísticos que as forças armadas da África Ocidental enfrentam.
Acima de tudo, disse o Tenente-Coronel Olivier Dedi, chefe do batalhão de transportes das Forças Armadas da Costa do Marfim, as nações da África Ocidental devem colaborar na logística se quiserem ter sucesso.
“A segurança não é nacional,” afirmou. “Está a tornar-se colectiva. Temos de trabalhar em conjunto para reunir os nossos esforços e os nossos conhecimentos para alcançar o objectivo comum de uma paz perfeita no mundo.”