EQUIPA DA ADF
Os observadores estão a apelar para uma maior ênfase na cibersegurança para proteger o crescente sector marítimo de África.
O debate foi levantado num workshop organizado pela Universidade de Stellenbosch, pelo Instituto de Estudos de Segurança (ISS) e pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime.
No continente africano, cerca de 90% do comércio é realizado através do mar, e os portos e os navios continuam particularmente vulneráveis a ataques cibernéticos. Os painelistas afirmaram que o ataque de ransomware da Transnet, de 2021, que fez encerrar vários portos fundamentais da África do Sul, devia servir como um alerta para a ameaça.
“Somos dependentes de uma infra-estrutura marítima em bom funcionamento, que precisa de ser protegida, incluindo de ameaças cibernéticas,” disse Denys Reva, um investigador em assuntos marítimos, do ISS.
Os ataques cibernéticos contra navios e portos aumentaram, a nível global, de 50 em 2018 para mais de 500 em 2020, de acordo com Handy Shipping Guide. Os observadores acreditam que o verdadeiro número é muito mais elevado.
“Não conhecemos o verdadeiro âmbito do problema,” disse Reva. “Alguns relatórios sobre a cibersegurança sugerem centenas de milhares ou milhões de ataques.”
Espera-se que os ataques aumentem à medida que mais aspectos de envio de mercadorias e dos portos tornam-se digitalizados. Os navios modernos utilizam sistemas de visualização gráfica e de informação electrónicos, GPS e sistemas de motores e de controlo de carga remotos. Os portos estão a tornar-se livres do uso de papel e a tornar-se automatizados para carregar e descarregar mercadoria, comunicou o defenceWeb.
Cinquenta e três ou cerca de 4% dos terminais de contentores do mundo estão totalmente automatizados. Este número está cada vez mais a aumentar.
Num discurso de 2021 sobre esta questão, Abdul-Hakeem Ajijola, presidente do Grupo de Especialistas da União Africana Sobre Cibersegurança, ofereceu melhores práticas para melhorar a cibersegurança a bordo de navios. Tais práticas são: certificar que os sistemas de comunicação por satélite estejam num endereço de IP privado; actualizar regularmente os softwares; alterar regularmente as palavras-chave; criar redes separadas para a ponte, a sala de máquinas, a tripulação e o comércio a bordo das embarcações; garantir que as portas USB estejam seguras; e utilizar encriptação em todas outras redes Wi-Fi a bordo.
Ajijola também recomendou formações dos membros da tripulação em matérias de cibersegurança, medidas para garantir que os fornecedores de tecnologia sejam confiáveis e realização de auditorias de segurança nas embarcações e nos portos.
“Para criar confiança e combater prevaricações cibernéticas, é necessária uma colaboração global de vários actores, uma vez que um elo fraco pode potencialmente colocar em perigo cadeias de valor globais,” disse Ajijola, num discurso de 2021, para um webinar organizado pelo ISS. “É, por conseguinte, imperativo que a África, os seus países, as suas organizações e os seus povos não sejam o elo fraco.”