EQUIPA DA ADF
O governo dos EUA doou 176 tablets, 53 computadores laptop, 250 dispositivos de monitoria remotos à Namíbia, numa altura em que aquele país procura dar início à sua campanha de vacinação contra a COVID-19 em meio a crescentes taxas de mortalidade.
A doação do equipamento avaliado em 675.000 dólares irá ajudar a fazer o registo e a monitoria das pessoas nos locais de vacinação e ajudará a formar mais de 500 funcionários do Ministério de Saúde. Ao todo, os EUA doaram mais de 6,7 milhões de dólares para a resposta da Namíbia à COVID-19.
“Fazer com que a população seja vacinada é fundamental para a luta contra a COVID-19 no país e no mundo,” Jessica Long, oficial responsável da Embaixada dos EUA na Namíbia, disse durante a cerimónia de entrega que decorreu de forma virtual. “O governo dos EUA continua comprometido em apoiar o Ministério de Saúde e Serviços Sociais na sua batalha contra esta terrível pandemia.”
A entrega de 22 de Julho chegou no momento certo. Uma semana antes, a BBC havia noticiado que Namíbia tinha a maior taxa de mortalidade pela COVID-19 do mundo, com 22 em cada 1 milhão de pessoas.
Nessa altura, Marley Ngarizemo, antigo jogador da selecção nacional de futebol da Namíbia, disse que 15 membros da sua família tinham morrido de COVID-19 e outros seis tinham sido hospitalizados.
“Não sabemos se chegamos ao fim do mundo,” Ngarizemo disse à BBC. “Pode-se comparar a um tsunami, pode-se comparar isto a um vulcão, pode-se comparar isto a um genocídio. Não sei. É como se existisse veneno na água, e qualquer gota que ingerir é capaz de tê-lo ou não.”
Num hospital e centro de isolamento de COVID-19 na capital, Windhoek, profissionais de saúde lamentaram a falta de camas e de oxigénio. Donnovan Soresbeb, um enfermeiro do centro, afirmou que ele e seus colegas estavam fisica e emocionalmente exaustos.
“Perdem-se pacientes que estavam bem alguns minutos atrás. Ao dar as costas, e de repente eles já não existem mais,” Soresbeb disse à BBC. “Alguns [permanecem] por muito tempo no hospital que quase que se acaba por desistir deles, e é difícil, mas é preciso manter a esperança.”
A vasta maioria de namibianos que sucumbe à COVID-19 não foi vacinada, Primeira Ministra, Saara Kuugongelwa-Amadhila, disse ao jornal namibiano, New Era. Ela acrescentou que a falta de vacinas, aliada à hesitação da vacina impulsionada pela desinformação, tenha provavelmente contribuído para a elevada taxa de mortalidade. A altamente contagiosa variante Delta da COVID-19 foi primeiramente identificada na Namíbia em Julho.
A Namíbia fez o lançamento da sua campanha “Seja vacinado, Ajude a Chutar a COVID-19 para Fora da Namíbia,” no dia 6 de Agosto. O esforço visa disseminar informação atempada e correcta, sensibilizar e dissipar os receios que se têm em relação às vacinas contra a COVID-19. Aquele país deve vacinar 10.000 pessoas por dia para alcançar a sua meta de imunizar 60% da sua população até Dezembro.
“Precisamos de capacitar o nosso povo, para que o mesmo seja capaz de diferenciar notícias falsas e informação factual para que eles sejam capazes de tomar decisões informadas,” Kuugongelwa-Amadhila disse ao New Era.
Dr. Charles Sagoe-Moses, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Namíbia, caracterizou a hesitação da vacina como sendo “um fenómeno antigo.”
“Em 2019, a OMS alistou a hesitação da vacina como uma das 10 ameaças contra a saúde pública a nível global,” Sagoe-Moses disse ao jornal. “A demora e a hesitação para se receber a vacina causaram muitas infecções e mortes na terceira vaga.”
O país tinha completamente vacinado cerca de 53.000 pessoas — ou 2,1% da sua meta — e mais de 173.000 tinham recebido pelo menos uma dose da vacina contra a COVID-19 até ao dia 6 de Agosto, comunicou o New Era.
A entrega de vacinas na Namíbia e em muitos outros países foi paralisada em Abril quando o pequeno fornecimento obrigou o Instituto Serum da Índia a manter as vacinas para o uso doméstico. O instituto faz a entrega de vacinas à África através do plano de distribuição equitativa de vacinas da COVAX.
A esperança chegou em meados de Julho, quando a Namíbia recebeu 250.000 vacinas contra a COVID-19. Aquele país recebeu um número adicional de 75.000 doses no dia 8 de Agosto e espera receber mais nos próximos meses.