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Os africanos negros estão em desvantagem no que diz respeito aos tratamentos médicos, porque representam apenas 2 por cento das amostras genéticas utilizadas para a investigação farmacêutica. Uma nova empresa de genómica baseada na Nigéria quer mudar esse facto.
De acordo com Abasi Ene-Obong, fundador e PCA da startup de biotecnologia 54gene, africanos negros e pessoas de ascendência negra são mais geneticamente diversificados do que todas as outras populações do mundo combinadas, tornando a sua informação genética “um enorme recurso a ser aproveitado.”
Ele criou um laboratório de pesquisa genética na maior cidade da Nigéria, Lagos, onde a sua equipa analisou 40.000 amostras de dados de DNA até ao final de 2019. A equipa espera analisar 100.000 amostras até ao final de 2020.
Ene-Obong disse que o conhecimento do papel que a genética desempenha nas doenças ajudará a desenvolver o tratamento relevante.
“Os medicamentos nem sequer são feitos tendo em conta os africanos”, disse. “Eles não são testados clinicamente com uma população africana, então, o que se tem são medicamentos com menor eficácia para populações africanas e com perfis de segurança mais pobres.”
Os novos medicamentos também levam tempo para chegar à África — às vezes, 15 a 20 anos, disse Ene-Obong. Ele disse que a maneira de corrigir esse atraso é aumentar o acesso aos dados genómicos das populações africanas para promover a pesquisa científica inclusiva.
“Isso proporcionará a optimização dos tratamentos e resultados diagnósticos que não só tratarão os africanos, mas também todos os outros”, disse ele.
Esta escassez de estudos genéticos em diversas populações tem implicações na previsão de risco de doenças em todo o mundo.